Especialistas debatem índices que atribuem notas a universidades

Matéria publicada no Correio Braziliense traz questionamento de especialistas sobre os índices que atribuem notas às instituições. Os números serão avaliados pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara. Presidente da comissão, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) defende ajustes na metodologia. Leia a íntegra da matéria:

“Os resultados negativos do Índice Geral de Cursos (IGC), divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), geraram polêmica na área educacional. Representantes de universidades e entidades ligadas ao ensino superior questionam a metodologia usada no levantamento, mas concordam com a necessidade de avaliações periódicas. Quase um terço das 2 mil instituições analisadas apresentou problemas graves no quadro de professores, projetos pedagógicos e infraestrutura. Apenas 1% obteve nota máxima. O indicador de qualidade é construído com base numa média ponderada das notas dos cursos de graduação e pós-graduação de cada instituição. É composto por dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) e visitas in loco. Divulgado anualmente, o resultado final do IGC é expresso em notas que vão de 1 a 5.

Para o secretário da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior (Andes), Manoel Luís Martins, o índice não retrata a realidade educacional brasileira, porque engloba instituições de natureza diversas: “Existem aquelas voltadas para a educação, para a questão mercadológica, e universidades e escolas constituídas por apenas um curso”. A avaliação do governo, segundo ele, é necessária, mas deveria ser feita com a participação da comunidade universitária. “Queremos que o MEC explique melhor a equação”, disse, cobrando, ainda, que os critérios sejam tornados públicos e os investimentos em educação sejam maiores. Para Martins, o financiamento estudantil é insuficiente.

O levantamento do IGC mostra, também, as diferenças no ensino das instituições públicas e particulares. Foram analisadas 2 mil universidades, sendo 184 da rede pública e 1.429 privadas — as 387 restantes passarão por nova inspeção. Somente 5,5% das faculdades pagas conseguiram notas acima da média 3. Entre as instituições que alcançaram o índice 5, que representa os centros de excelência, 10 são particulares e 11 públicas.

Diretor da Associação Nacional das Universidades Particulares (Adup), Heitor Pinto Filho considera o índice uma avaliação política. “É mal feito porque não mostra todas as faculdades. Ou entra todo mundo, ou nenhuma”, critica. Ele, que também é reitor da Universidade Bandeirantes, em São Paulo, defende avaliações regionais. “Um país com a extensão do Brasil não pode ter um índice geral como esse. Temos particularidades”, destaca.

Os números do IGC serão avaliados pela Comissão de Educação e Cultura (CEC), da Câmara dos Deputados. Presidente da comissão, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) diz que ajustes deverão ser feitos na metodologia. “Não é desejado o ranqueamento, mas sim critérios”, completa, lembrando que o índice é uma ferramenta para o estudante conhecer o potencial da universidade em que estuda.

Rendimento

A prova avalia o rendimento dos alunos dos cursos em relação ao conteúdo. Feito por amostragem, o MEC já apurou – e incluiu no IGC – os resultados das áreas de saúde, ciências agrárias e engenharia.Para o ministério, o índice irá refletir, no futuro, o padrão das universidades, depois que o ciclo de três anos do Enade for completado”.

Jornal Correio Braziliense

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