A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) ocupou a tribuna da Câmara Federal, nesta sexta-feira (10), para anunciar que enviará questionamentos ao governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, e ao Juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Criminal Federal de Brasília, sobre a permanência do ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), no Departamento de Polícia Especializada (DPE), instalação ligada à Polícia Civil do DF.
“Estamos com Eduardo Cunha nas dependências da DPE do Distrito Federal; lá, ele recebe visitas, das quais não sabemos se há controle, e está aqui de forma diferenciada com relação a outras pessoas que estão presas”, afirmou a deputada. “Por exemplo, Henrique Eduardo Alves, que também presidiu esta Casa, fez o seu depoimento por videoconferência. Por que Eduardo Cunha teve que vir para Brasília?”, questionou Kokay.
“Por que Eduardo Cunha, que prestou depoimento, se não me falha a memória, no dia 7 de novembro, vai ficar em Brasília — estima-se — até o dia 20 de novembro?”, emendou.
“Será que as visitas podem ser divulgadas, publicizadas, ou seja, estão dentro da lógica republicana?”, perguntou. “No momento em que Cunha chegou a Brasília, no dia 15 de setembro, tivemos o adiamento da sua oitiva por diversas vezes pela 10ª Vara Criminal Federal”, lembrou Kokay.
“São perguntas que precisam ser respondidas ao bem da República e da democracia”, afirmou, ao dizer que irá encaminhar pedido de esclarecimentos para o Poder Judiciário e para o próprio Governo do Distrito Federal para que esclareçam os fatos, porque existem condições diferenciadas para Eduardo Cunha neste momento.
“Será que Eduardo Cunha está aqui nas dependências da DPE se utilizando dessa condição para articular e tecer os tentáculos que provocam uma corrupção hemorrágica neste País?”, indagou a deputada.
O ex-deputado está em Brasília desde o dia 15 de setembro deste ano, data em que veio de Curitiba para prestar depoimento sobre desvios de dinheiro do Fundo de Investimentos da Caixa Econômica Federal (FI-FGTS), em ação penal instaurada no âmbito da Operação Sépsis, deflagrada em 1º de julho de 2016 pela Polícia Federal e o Ministério Público em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Distrito Federal como desdobramento da Operação Lava Jato.
De acordo com informações divulgadas pela imprensa, Cunha permaneceria em Brasília somente até o fim dos interrogatórios presenciais da ação penal da Operação. Mas o juiz federal Vallisney de Souza deferiu um pedido da defesa para adiar o retorno de Cunha ao Complexo Médico-Penal, em Pinhais (PR), onde estava detido.
De acordo com a decisão do magistrado, a Polícia Federal (PF) deverá providenciar o retorno de Cunha a Curitiba entre os dias 20 e 24 de novembro, quando se encerra o prazo das alegações finais da defesa na Sépsis.
Assessoria Parlamentar
Foto: Gilmar Félix/Câmara dos Deputados