Erika mostra o engodo do pato da Fiesp e o compara ao cavalo de Tróia: “presente de grego para o povo”

ERika LucioBernardo

Em artigo, a deputada Erika Kokay (PT-DF) faz uma comparação entre o Cavalo de Tróia, símbolo da famosa guerra, utilizado como estratégia dos gregos para derrotar os troianos e o pato da Fiesp, símbolo de campanha de marketing da entidade a favor do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. “Por fora traz o slogan Chega de Pagar o Pato, sobre impostos. Mas o que ele esconde por dentro? Aparentemente amigável e inofensivo, o pato de Tróia guarda em seu interior uma série de “presentes de grego”, de crueldades contra o povo brasileiro.

O Pato de tróia: presente de grego para o povo brasileiro

*Erika Kokay

A expressão “presente de grego” se eternizou por causa da guerra de Tróia, brilhantemente narrada por Homero na epopeia Ilíada. O Cavalo de Tróia tornou-se o maior símbolo da famosa guerra, pois foi utilizado como estratégia dos gregos para derrotar os troianos.

Na narrativa de Homero, o guerreiro grego Odisseu teve a ideia de construir um gigantesco cavalo para presentear os troianos, como aparente gesto de rendição na guerra.
Ludibriados com o “presente”, os troianos levaram o cavalo para o interior de suas muralhas. Felizes, os soldados beberam e comemoraram a rendição do inimigo. Na calada da noite, quando todos estavam dormindo, centenas de soldados gregos saíram de dentro do cavalo, atacaram e destruíram a cidade.

O famigerado pato inflável de 20 metros de altura, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), tornou-se o símbolo de uma campanha de marketing da FIESP contra impostos e a favor do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff.

Por fora traz o slogan “Chega de Pagar o Pato”. Mas o que ele esconde por dentro? Aparentemente amigável e inofensivo, o pato de tróia guarda em seu interior uma série de “presentes de grego”, de crueldades contra o povo brasileiro.

O primeiro deles é o pouco apreço pela democracia de parcela do empresariado paulista, manifestado pelo viés autoritário da entidade, que atua de forma deliberada para solapar a vontade livre e soberana de 54 milhões de brasileiros e brasileiras.

Afinal, o pato guarda dentro de si o histórico DNA golpista da FIESP, uma das grandes patrocinadoras e beneficiárias do golpe civil-militar de 1964, como demonstrado por documentos levantados pela Comissão da Verdade do Estado de São Paulo.

Esse comportamento golpista voltou a aflorar recentemente, quando a Federação gastou cerca de R$ 8 milhões em anúncios nos principais jornais do país para difundir o golpe contra a democracia. Em espaços de destaque foram publicados anúncios amarelos com o pedido “impeachment já”, sem a menção de que se tratava de um informe publicitário.

O outro “presente de grego” que o pato de tróia quer impor ao povo brasileiro é a adoção de um programa clandestino que não passou pelo crivo das urnas. Apresentado pelo vice-presidente da República, Michel Temer, como “alternativa” para o País, o programa Ponte para o Futuro, conta com o apoio incondicional da FIESP.

Mas o que os golpistas querem para o Brasil com esse programa?

Objetivam cassar a democracia como forma de abrir caminho para a supressão dos direitos sociais e trabalhistas. O ímpeto de rasgar todas as conquistas da cidadania brasileira asseguradas na Constituição de 1988 esteve reprimido frente às lutas sociais e aos avanços civilizatórios da sociedade brasileira desde a redemocratização.

No entanto, a ruptura com a legalidade democrática, com o Estado Democrático de Direito abre uma janela de oportunidade para o retorno desse desejo reprimido das elites.

Não é demais lembrar que temos uma história marcada por quase quatro séculos de escravidão, durante os quais falar em direitos do trabalho não passava de obra de ficção. A escravidão deixou marcas profundas no imaginário coletivo da sociedade brasileira.

Tanto é verdade, que os setores golpistas – herdeiros das Casas Grandes e Senzalas – por não conseguir conviver com direitos e liberdades, querem fazer o Brasil retroagir às primeiras décadas do século XX, quando trabalhadores não tinham direito à férias; a exploração do trabalho infantil não era crime; em que vigorava o regulamento de cada fábrica, pois não havia legislação trabalhista abrangente.

Há novamente uma ofensiva para flexibilizar as leis trabalhistas. Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), tramitam no Congresso Nacional 55 projetos que ameaçam os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Destaco o PL 4330/15, que regulamenta a terceirização da mão-de-obra sem limite, permitindo a precarização das relações de trabalho; o que reduz a idade laboral de 16 para 14 anos (PEC 18/11), o qual penalizará fortemente meninos e meninas pobres, pois em nome de retirá-los do crime e das drogas irá roubar-lhes igualmente a infância; e por fim, o que estabelece a prevalência do negociado sobre o legislado (PL 4193/12), ou seja, só vale o que estiver na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) se acordo ou convenção coletiva não dispuser em sentido diferente.

Mas o recado da cidadania brasileira do século XXI tem sido muito claro: não vai permitir que o pato de tróia ultrapasse a muralha da legalidade democrática com o objetivo de promover uma regressão social e política para destruir nossa jovem democracia, a CLT e os direitos garantidos na nossa Constituição.

*Erika Kokay é deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores do Distrito Federal

Artigo publicado originalmente no Brasil 247 em 12 de abril de 2016.
Foto: Lúcio Bernardo Jr

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