Erika Kokay: governo ilegítimo de Temer quer reduzir gastos sociais para pagar apoiadores do golpe

Erika Salu

A deputada Erika Kokay (PT-DF) ocupou a tribuna nesta quinta-feira (17) para uma avaliação do que vem acontecendo no Brasil desde a tomada do poder pelo ilegítimo presidente Michel Temer, que destituiu uma presidenta eleita democraticamente, Dilma Rousseff, por meio de um golpe. A parlamentar petista criticou duramente as medidas anunciadas por Temer, como a PEC 241, que tramita no Senado como PEC 55 e propõe cortar por 20 anos os investimentos federais em várias áreas, inclusive saúde e educação.

“Não se consegue entender pela lógica republicana, o que é o governo que está no Palácio do Planalto. E digo isso porque o governo busca controlar os gastos e as despesas primárias do País, um País que precisa de políticas públicas para fazer o luto das casas grandes e senzalas. O Brasil precisa de educação, de saúde, de assistência, de políticas sociais, para que possamos fechar o ciclo dos períodos traumáticos da história brasileira. Mas é exatamente nas despesas primárias que o governo tenta controlar os gastos e dizer que por 20 anos congelará esses gastos com as políticas públicas”, explicou.

De acordo com a parlamentar petista, o governo ilegítimo de Temer quer reduzir o teto de gastos para pagar ao sistema financeiro, apoiador do golpe. “O governo reduz o teto não para dizer que vai gastar de acordo com o que arrecada. Se a variação da inflação for 100, só poderá gastar 100, não importa se arrecadou 400, 500. E para onde vai o montante dos recursos que estão para além da variação da inflação? Vai pagar o sistema financeiro, será usado para pagar o rentismo”, criticou Erika Kokay.

A deputada do PT disse ainda que 25% dos títulos dos serviços da dívida são gastos com o sistema financeiro. “Um sistema financeiro cujo cinco maiores bancos lucraram, no primeiro semestre, 28 bilhões; um sistema financeiro que está demitindo, como o Banco Itaú, que demitiu por volta de três mil trabalhadores e trabalhadoras, bancários e bancárias; um sistema financeiro que investiu 15 vezes mais em tecnologia de informação do que o sistema estadunidense e que, hoje, o serviço, que era feito pelo bancário, é feito pelo cliente, que paga muito por isso”, explicou.

Esse Banco Itaú, acrescentou Erika Kokay, é um banco que lucra quase três vezes a sua despesa com pessoal, apenas com prestações de serviços em que se incluem as tarifas. Ela lembrou que esse trabalho era feito por bancário; mas hoje é feito pelo cliente, que paga muito caro pelo serviço e sustenta o salário dos bancários.

“Essa é a crueldade do sistema financeiro, que está sendo agraciado com essa proposta de emenda constitucional, porque 43% do orçamento são gastos com serviços da dívida, com uma taxa de juros que o governo não quer reduzir e que argumenta: ‘não, não reduzo, porque há uma dívida muito grande’. Isso é mentira! A dívida brasileira – a dívida líquida, que é a que devemos considerar – é menor do que na época de Fernando Henrique Cardoso. O governo calcula a dívida bruta. Mas, veja, há países que têm uma dívida maior do que a brasileira e que não têm a taxa de juros que nós temos”, enfatizou.

Segundo a deputada, o governo Temer busca dourar a pílula, por isso procura ser rápido para implementar um programa que foi derrotado quatro vezes nas urnas. “É muito rápido em vender o patrimônio nacional. Esta Câmara aprovou definitivamente, apesar da nossa resistência, a venda do pré-sal. Estima-se que mais de 300 milhões de barris foram entregues. Entregaram o pré-sal e a venda do pré-sal para as empresas estrangeiras”, frisou a petista.

Sobre a Eletrobras, Erika Kokay disse que os servidores da empresa estão vivendo em clima de terrorismo, pois estão sendo considerados “dispensáveis”. “É a mesma coisa que vimos no Banco do Brasil. Eu era à época presidenta do Sindicato dos Bancários de Brasília no Governo Fernando Henrique Cardoso. Não, você pode ir embora. A empresa não te quer mais. Não te quer mais porque você tem muito tempo de empresa, porque nós precisamos baratear o custo e o gasto com pessoas para facilitar o processo de privatização. É isso o que está acontecendo com o Brasil!”, argumentou.

Erika Kokay criticou ainda a postura da grande mídia. “A grande imprensa nacional não diz que, pelo menos 11 dos 24 Ministros nomeados pelo presidente golpista, apareceram de alguma forma nas investigações do esquema de corrupção da Petrobras. Aliás, diga-se que a única diretoria que estava com alguém do Partido dos Trabalhadores foi a que descobriu o pré-sal e não tem nenhum tipo de envolvimento com corrupção”.

“Agora, nós temos o governo Temer absolutamente envolto em corrupção. E o que diz o presidente golpista? Não, eu não vou demitir ninguém. Eu só os chamo para que eles digam se roubaram ou não roubaram. A partir daí, estão todos no governo, todos. Então não me digam que este governo combate a corrupção. Digam-me apenas que este governo tem acabado com o Brasil. São seis meses, e aumentou o desemprego. São seis meses, e aumentou a taxa de juros, inclusive os juros na ponta. São seis meses, e o Brasil continua penando, porque esse governo só tem compromisso com quem construiu o golpe”, finalizou a deputada Erika Kokay.

Gizele Benitz

Foto: Salu Parente
Mais fotos: www.flickr.com/photos/ptnacamara

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