O colapso no sistema de saúde do Amazonas está fazendo triplicar o número de enterros nos cemitérios públicos de Manaus. Por conta disso, a Prefeitura está adotando nos sepultamentos o “sistema de trincheiras”, ou seja, todos os mortos enterrados em vala comum. Isso representa que o sistema funerário também está entrando em colapso. Consequências da situação da saúde pública do estado. A cena dura e triste dos enterros dos mortos em Manaus é notícia no mundo inteiro. Muitas delas utilizam a imagem como exemplo da necessidade do isolamento social. Mas não é o que defende o presidente Bolsonaro quando diz que é a Covid – 19 é apenas uma “gripezinha”, que é inevitável atingir 140 milhões de brasileiros, quando incentiva a população a sair às ruas para manifestar em sua defesa ou quando diz que a economia é mais importante que a vida.
O prefeito Arthur Neto chorou durante entrevista coletiva à imprensa local. Mas suas ações não condizem com o seu choro. Ele foi ausente, desinteressado e quase nenhuma ação fez para combater a pandemia. Não decretou o isolamento social, deixou os trabalhadores municipais sem equipamentos de proteção. E, durante todo seu mandato, não realizou investimentos necessários na área da saúde.
O Sindicato das Empresas Funerária do Amazonas chegou avisar a cerca de um ano atrás que o sistema funerário de Manaus estava entrando em colapso. A Prefeitura nada fez sobre o assunto, ao contrário, manteve o serviço na Secretaria de Limpeza pública, quando deveria ser cuidado pela Secretaria Municipal de Saúde. Falta planejamento, sensibilidade e responsabilidade pública nessa hora. Nossos entes queridos devem ser tratados com respeito, esse é o mínimo que se espera da Prefeitura.
Por isso defendo o isolamento total. A população precisa ter consciência da necessidade de se manter em casa. Tanto o presidente quanto o prefeito e o governador precisam mais do que nunca fazer sua parte, providenciando de forma urgente e imediata recursos para serem investidos na área da saúde e proporcionando a fazer chegar imediatamente nas mãos dos trabalhadores os recursos aprovados pelo Congresso Nacional, bem como buscarem criar políticas econômicas que favoreçam a distribuição de renda para a população se manter durante a pandemia.
José Ricardo é deputado federal (PT-AM)
Artigo publicado originalmente no site zericardoam.com.br