País chega ao maior nível de miséria desde agosto de 2012.
Infelizmente, em abril, o Brasil bateu outro recorde, 14,5 milhões de famílias, o que significa que mais de 40 milhões de brasileiros e brasileiras estão em situação de extrema pobreza. Ou seja, dividem uma renda de R$ 89 mensais por pessoa. Um valor que não cobre nem o mínimo para a alimentação. Traduzindo, essas pessoas estão passando fome. É o maior nível de miséria no país desde agosto de 2012.
Essa miséria, nesse patamar que chegamos, é resultado de uma gestão equivocada, de erros na política sanitária do Governo Federal, que apela à ignorância, ao abandono da população e rechaça qualquer política social. Nossa economia enfraqueceu e está arruinando a vida da população brasileira.
O país está em recessão e com desaceleração da economia, e reage com cortes nas políticas sociais. Temos um ministro da Economia que só lembra das pessoas em situação mais vulnerável quando pensa em ano eleitoral. E ainda atrela recursos para programas de assistência às privatizações de estatais.
O que Paulo Guedes esboçou é que o Governo escolheu massacrar os mais pobres por três anos, mas que vai fazer caridade em ano eleitoral. “Agora vem a eleição? Nós vamos para o ataque”, essas foram as palavras de Guedes, que refletem bem o pensamento do governo que aí está sobre políticas para quem mais necessita, principalmente, com a pandemia de Covid-19. É o total desrespeito pela vida e pela dignidade humana.
Se quisesse mesmo recuperar a economia do Brasil, já teríamos vacina para todos. Teríamos ações de incentivo á criação de novos empregos. Pelo contrário, só se fala em medidas conservadoras de austeridade, e de entrega de patrimônio público. Sabemos que a iniciativa privada reduz número de funcionários, assim que assumem estatais.
Já contamos com 14 milhões de desempregados, além de 6 milhões de trabalhadores que desistiram de procurar emprego e mais 7 milhões de subocupados. A soma chega a um total de 27 milhões de brasileiros e brasileiras sem renda ou com renda insuficiente. O número das famílias inscritas no CadÚnico ultrapassa esse total, hoje com 29,6 milhões.
E o Governo só pensa em aprovar a Reforma Administrativa, que vai afetar também quem usa a saúde pública, a escola pública. O pensamento é direto: enxugar o serviço público. Quem precisa? O mais pobre.
Outra questão é o auxílio emergencial. Em 2020, o benefício foi pago no valor de R$ 600, chegando até R$ 1,2 mil para mães chefes de família. Neste ano, com agravamento da crise sanitária e econômica, o governo federal baixou auxílio para R$ 150 a R$ 375. Sem contar que, ano passado, 68 milhões de brasileiros receberam a ajuda emergencial. Neste ano, apenas 38,6 milhões serão beneficiados.
O que poderia salvar milhões da fome foi cortado.
Faltou iniciativa em prol da produção interna, e também para os trabalhadores e trabalhadoras do campo. Tivemos incentivos para a agricultura familiar, através da Lei Assis de Carvalho, vetados pelo presidente. Faltou também maior rapidez na ajuda aos micro e pequenos empresários, geradores da maior parte dos empregos no Brasil.
No entanto, apesar de ser um momento de lamentar, é ao mesmo tempo de cobrar. O Brasil precisa de um governo que abandone a sua ideologia e que assuma o compromisso com a vida da população brasileira. Que garanta o auxílio emergencial de R$ 600 e vacina para todos e todas.
O povo que está na pobreza precisa de vacina no braço e comida no prato. A fome não espera.
Enio Verri é deputado federal (PT-PR).
Artigo publicado originalmente no Brasil 247