Ao lembrar episódios do governo Fernando Henrique Cardoso, o deputado Enio Verri (PT-PR) descontruiu na quinta-feira (25), em Plenário, as críticas que parlamentares da oposição têm feito ao Partido dos Trabalhadores. “O governo FHC e seus assemelhados tinham a concepção de que é o capitalismo mundial que manda e o Estado nacional não tem força. Nós tivemos, então, no Brasil uma inserção da globalização passiva, subordinada, e isso custou muito caro à economia brasileira, ao povo brasileiro. Na era FHC as taxas de desemprego, a especulação e a concentração de capital eram gigantescas”.
É bom recuperar a memória, continuou Enio Verri, “porque o governo FCH foi uma vergonha para a vida do povo brasileiro, em especial para o pequeno produtor rural, para o pequeno proprietário”. A concentração de capital, explicou o deputado petista, transformou o governo tucano em o “governo do lá tinha: lá tinha uma mercearia, lá tinha uma butique, lá tinha um pequeno produtor, porque todos quebraram”, lamentou.
Na avaliação do deputado Enio Verri, a oposição tem uma memória seletiva, esquece os seus erros de quando estiveram no poder, e colocam holofotes na gestão petista. “A memória não pode ser seletiva. Quantos escândalos nós tivemos no governo FHC? A pasta rosa, a privatização da Vale do Rio Doce, por exemplo, é como se isso não existisse”.
Ao contrário dos tucanos, Enio Verri afirmou que os petistas assumem os seus erros. “Assumimos os nossos erros, mas nós acertamos muito na história deste País com a geração de emprego, a distribuição de renda, a prioridade aos mais pobres. Acreditamos que o Estado não pode ser subordinado ao capitalismo internacional. Nós acreditamos que o Estado tem que se impor e criar políticas sociais e econômicas que melhorem a vida da população”, afirmou.
Revolução – A mudança social realizada nos 13 anos de governo do PT foi citada por Enio Verri na comparação entre gestão petista e tucana. “Geramos uma mudança radical para o pequeno empresário, para o pequeno produtor, para os mais pobres. As nossas políticas de inclusão social, como o Bolsa Família, são copiadas em mais de 52 países. Nós fizemos aqui uma revolução, tornando possível ao grande empresário ter o seu espaço e ganhar o seu dinheiro, porque isso não é errado. Fizemos os pequenos crescerem, o desenvolvimento local ocorrer e a vida da população melhorou. E isso é uma marca que me parece trazer à oposição uma tremenda dor de cotovelo, e dor de cotovelo tem que ser resolvida no debate, com seriedade, e não com falsas acusações”, ensinou.
Seletividade – Enio Verri falou também da forma como está sendo conduzida a operação Lava -Jato. “Nós do PT defendemos o processo da Lava-Jato. Se há coisa errada, tem que se apurar e prender os culpados. O que não pode ocorrer é a seletividade. O PT sempre foi contra a corrupção, tanto é verdade que nunca houve, na história deste País, em qualquer governo, tantos grandes empresários presos. Nós demos condições para a Polícia Federal trabalhar, não houve engavetamento de processos. Nós não subordinamos a Polícia Federal, como era antigamente” comparou.
Ainda sobre seletividade, Enio Verri aproveitou para cobrar investigações em relação a escândalos ligados ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Agora, cadê o Fernando Henrique? Ora, ele doou um apartamento, ele tem uma empresa no exterior, e ninguém fala nada! Na semana em que isso acontece, a grande imprensa não se manifesta, a oposição não se manifesta e joga lá o João Santana para ocultar isso daí. Isso é uma jogada. A verdade é que a elite deste País é seletiva, a grande imprensa é seletiva, acusou o petista, se referindo aos casos da jornalista Mirian Dutra, que afirmou ter recebido dinheiro de FHC no exterior, e do publicitário João Santana,
Responsável pela campanha de eleição e reeleição da presidenta Dilma.
E daí? – Enio Verri destacou ainda que há uma denúncia contra o senador Aécio Neves. “E daí? O que acontece? Ninguém fala nada? Cadê o Ministério Público Federal? Cadê o juiz Moro? Volto a dizer: acho que o juiz Moro faz o seu trabalho, mas apenas contra o PT. O que nós defendemos claramente é que isso sirva para todo o mundo, para qualquer partido”, enfatizou.
E continuou: “Vamos passar este País a limpo? Tem o nosso apoio. Vamos pegar quem fez coisa errada e lhe cobrar a fatura? Tem o nosso apoio, mas isso não pode ser só para quem defende o trabalhador. Tem que ser também para quem defende e sempre defendeu a elite neste País. “Não se pode cortar a história ao meio, não podemos ser seletivos”, defendeu.
Antes de encerrar, Enio Verri fez um desafio à oposição: “Quando forem fazer críticas, olhem para seus respectivos estados. Como é administrado o Paraná, por exemplo? Como foram tratados os professores? Eles foram tratados com solidariedade ou soltaram a polícia em cima dos professores? Não pagaram a merenda, cortaram a merenda em São Paulo. Esse é o tipo de Estado que nós queremos ou queremos um Estado ampliado que favoreça os mais pobres e que faça a grande mudança?”
O petista concluiu reafirmando seu orgulho de defender o ex-presidente Lula e o Governo Dilma. “Podemos ter equívocos, mas só erra quem faz. O nosso compromisso é com o povo do Brasil, e isso está explícito”.
Vânia Rodrigues
