Enio Verri critica votação do novo sistema eleitoral e diz que distritão “é muito ruim para a democracia”

Verri afirma que o distritão põe o coletivo acima do individual. Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Em discurso no tempo da Liderança do PT, nesta quarta-feira (11), o deputado Enio Verri (PT-PR) criticou o novo sistema político-eleitoral previsto na PEC 125/11, que está em apreciação nesse momento na sessão da Câmara. Ele afirmou que o Brasil tem atualmente um dos melhores modelos eleitorais do mundo. “Afinal de contas, nosso País é democrático, republicano e tem seus partidos políticos. Cada partido tem um projeto para o Brasil, tem uma linha de pensamento, de esquerda, de direita, de centro, ecológico, seja o que for, não importa. Esses partidos têm um programa. As pessoas que concordam com esse programa são as que vão colocar seu nome à disposição e oferecer à sociedade. E os eleitores e eleitoras vão escolher quem está mais apto para representá-los na Câmara dos Deputados”, explicou.

Na defesa desse do atual sistema, Enio Verri disse que esse modelo põe o coletivo acima do individual. O projeto de sociedade é mais importante do que a pessoa. Até porque, se a pessoa não responder a esse projeto, ela pode ser expulsa do partido, pode perder o mandato. “Outra coisa importante foi o fim das coligações. Era uma loucura um partido de direita fazer uma coligação com um partido de esquerda apenas preocupado com a eleição, e não com a construção de um programa de sociedade para o País”, argumentou.

Distritão

Enio Verri considera que o chamado distritão, previsto no novo sistema eleitoral, é uma proposta muito ruim para a democracia, para quem quer construir os Poderes, para quem quer fortalecer as instituições, principalmente para quem quer ter a possibilidade de avançar nos direitos da população brasileira. Na avaliação do deputado, o distritão é a destruição do caráter coletivo, a destruição de um projeto de sociedade, seja ele de direita, de esquerda, de centro, não importa, para transformar cada Parlamentar dono do seu mandato. “Cada parlamentar, assim como prefeito, governador, presidente da República ou senador serão considerados cargos majoritários”.

Como exemplo ele citou o seu estado, o Paraná, que tem 30 vagas para deputados federais ou deputadas. “Será levado em conta o voto que cada partido e cada programa tem. Será levado em conta o voto que cada deputado tem. Com isso, você vai ter aquelas pessoas, lideranças religiosas, cantores, apresentadores de televisão, fazendo muitos votos. E aqueles e aquelas que defendem a linha de pensamento, que querem vir aqui de forma saudável, dirigir, debater e construir uma alternativa para o Brasil estão fora”, alertou.

Enio Verri afirmou ainda que os partidos ideológicos, não importa o seu campo, serão reduzidos. “Assim, nós vamos ver correr dinheiro na campanha, porque cada um é dono do seu mandato, cada um vai fazer de tudo para garantir a sua eleição. Consequentemente, o financiamento público de campanha será apenas uma aparência”, lamentou.

Prejuízo irremediável

O prejuízo, reforçou o deputado, será irremediável, e o que é pior, a proposta do distritão nada mais é do que uma proposta de manutenção do status quo. “Afinal de contas, quem já é deputado ou deputada, já tem a sua estrutura, assessoria, verbas de ressarcimento, já pode viajar no seu estado por conta do seu ressarcimento, estará em melhores condições do que aqueles que vão iniciar agora o debate querendo participar do Parlamento. Isso implica que será a manutenção dos mesmos de novo, serão os mesmos sendo reeleitos por quatro, cinco, seis mandatos e aí o Parlamento, a vida política, deixa de ser a doação de um tempo da sua vida para contribuir para o desenvolvimento do seu País e torna-se emprego”, criticou.

“Nós não podemos admitir que isso ocorra, nós não podemos admitir que o Brasil sofra mais esse retrocesso”, afirmou Enio Verri. Ele acrescentou que são muitos anos de retrocesso e enumerou: o golpe contra a democracia, quando foi aplicado o impeachment sobre a ex-presidenta Dilma Rousseff, o número de alterações na Constituição Cidadã, reformas para retirar direito dos trabalhadores. “Tudo isso, numa perspectiva do distritão, será aprofundado. Eu fico imaginando o que vai sobrar do Brasil, o que vai sobrar de direito daqueles que precisam do Estado brasileiro, principalmente o que vai sobrar da democracia depois de todas as votações. Vamos lutar e vamos acreditar no Brasil. Vamos ter esperança”, finalizou.

Vânia Rodrigues

 

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