Centenas de participantes do 10º Encontro Nacional de Fé e Política aprovaram no último domingo (24), por unanimidade, uma nota pública de repúdio ao golpe em curso contra a presidenta Dilma Rousseff. A declaração é fruto de três dias de debates que reuniu, desde a última sexta-feira (22), religiosos, sociólogos, jornalistas, políticos e profissionais de diversas áreas na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus Bodocongó.
O tema central do encontro deste ano foi: “Bem Viver: águas da solidariedade e sementes da esperança”. Nos grupos temáticos os participantes puderam escolher uma das 22 opções, que trazem temáticas diversificadas. Entre outros a Crise Climática, Juventude e Transformação Social, Protagonismo Popular, Democratização da Mídia e Crise do Modelo Partido Político.
Os participantes do encontro, na nota, rejeitam o golpe “que está sendo executado por forças antidemocráticas e antipopulares”, bem como não aceitam a derrubada de um governo “contrariando a vontade nacional expressa nas eleições de 2014”. A nota rejeita ainda “o modelo econômico baseado na restrição dos direitos trabalhistas, dos programas sociais e da soberania nacional”.
O documento criticou ainda a votação do impeachment na Câmara, no dia 17 de abril, ao afirmar que houve uma “fraude patrocinada por pessoas corruptas e pela grande mídia, porque ficou evidente não haver crime de responsabilidade cometido pela presidenta Dilma Rousseff”. A nota pública também repudiou “deputados e deputadas que usaram o nome de Deus e citações da bíblia para justificar seu apoio à ruptura constitucional”, e termina conclamando “as forças democráticas e populares a se manifestarem publicamente em defesa do Estado de Direito”.
Para o deputado Luiz Couto (PT-PB), um dos palestrantes do Encontro, a nota pública reflete a indignação dos participantes do encontro com a tentativa de derrubada de uma presidenta limpa e honesta.
“Nesse encontro houve um reconhecimento de que está havendo um golpe sujo e baixo para retirar a presidenta Dilma, por isso essa nota pública repudiando essa atitude. Os participantes do Encontro Fé e Política não aceitam que uma presidenta eleita com mais de 54 milhões de votos, limpa e honesta, venha a ser afastada com a ajuda de um réu que responde a um processo de corrupção no STF”, ressaltou Luiz Couto ao se referir ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
O deputado Vicentinho (PT-SP) também participou do encontro.
Histórico- O Movimento Nacional Fé e Política nasceu no período da ditadura militar, na década de 1980, dentro das atividades das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Igreja Católica.
Leia e integra da Nota Pública:
Se também você compreendesse hoje o caminho da Paz! (Lc. 19, 42)
Nós, participantes do 10º Encontro Nacional de Fé e Política, viemos a público para afirmar nossa rejeição ao golpe que está sendo executado por forças antidemocráticas e antipopulares. Não aceitamos que essas forças tomem o governo federal contrariando a vontade nacional expressa nas eleições de 2014, assim como rejeitamos o modelo econômico baseado na restrição dos direitos trabalhistas, dos programas sociais e da soberania nacional.
A votação da Câmara Federal do dia 17 de abril foi uma fraude patrocinada por pessoas corruptas e pela grande mídia, porque ficou evidente não haver crime de responsabilidade cometido pela presidenta Dilma Rousseff. Repudiamos as declarações de deputados e deputadas que usaram o nome de Deus e citações da Bíblia para justificar seu apoio à ruptura constitucional.
Conclamamos as forças democráticas e populares a se manifestarem publicamente em defesa do Estado de Direito. Comprometemo-nos a nos unir a todos os movimentos e entidades do campo democrático participando da jornada contra o golpe no dia 1º de maio.
Neste momento difícil, seremos coerentes com os princípios éticos que devem guiar a ação política.
As águas da Solidariedade e as sementes da Esperança nos firmam nesse compromisso!
Campina Grande – PB, 24 de abril de 2016.
Héber Carvalho
Foto: Edna Araújo