Para fazer o cálculo das emissões, leva-se em conta o desmatamento e a biomassa existente. Por isso, a Amazônia aparece com uma área desmatada menor, mas apresentando o mesmo nível de emissão do cerrado. “A Amazônia tem maior volume de madeira e outros componentes de vegetação do que o cerrado”, explica Bráulio Dias, diretor do Departamento de Conservação da Biodiversidade do ministério. “Houve todo um esforço para reduzir o desmatamento na Amazônia e o mesmo não ocorreu no cerrado. É o momento de reconhecer que o cerrado hoje é tão importante quanto a Amazônia para o combate às mudanças climáticas no País”, afirma Dias.
O novo dado deve alterar as estratégias do País nas questões de clima – sempre se fala que a destruição da floresta tropical é a principal fonte de emissões do Brasil, quadro que muda com os dados apresentados ontem. “Na revisão do Plano Nacional de Mudanças Climáticas serão incluídas metas de redução de desmate também para o cerrado”, completa o diretor.
Para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, os números são “acachapantes”. Ontem, ele lançou um conjunto de medidas para tentar interromper a devastação no cerrado, que é o segundo maior bioma da América do Sul, depois da Amazônia, e a savana de maior biodiversidade do mundo. Batizado de Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas, o projeto traça estratégias para serem executadas entre 2009 e 2011. Entre elas ampliar áreas sob proteção. “Atualmente no papel 7,5% do território do cerrado está protegido”, disse o ministro. A ideia é ampliar para cerca de 10%. Para alcançar esse índice, seria preciso criar, em dois anos, 600 mil hectares de áreas novas de proteção. O plano inicial é que três unidades sejam criadas, cada uma com 200 mil hectares.
O estudo sobre o ritmo de desmatamento no cerrado é fruto de uma análise dos satélites CBERS e Landsat. O novo plano prevê um acompanhamento anual das atividades de desmatamento, a exemplo do que é feito na Amazônia. O novo sistema deverá ser desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com Dias, o novo método deverá demorar um pouco para entrar em funcionamento. “É preciso fazer adaptações.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.