O ex-presidente Lula aceitou a sugestão do reitor da Universidade Federal de Fronteira Sul (UFFS), Jaime Giolo, de criar a Universidade Indígena do Brasil quando voltar a presidir o País. Nesta terça-feira (27), Lula visitou o campus da UFFS, mais precisamente o laboratório do curso de Agronomia da instituição. Criada durante o governo Lula (em 2009), a UFFS tem atualmente seis campi com 16 prédios construídos. A universidade oferece 43 cursos de graduação, 4 cursos de especialização, 12 mestrados e dois doutorados, e mantém em seus quadros cerca de 700 professores. Até o final de 2016, 8 mil estudantes já haviam passado pela instituição. Também no início da noite de terça-feira (27), Lula esteve com os agricultores do Assentamento 8 de Junho do MST.
“Eu saio daqui encantado com a ideia que o reitor (da UFFS) me deu, de criar uma universidade indígena com vários campi espalhados pelo País. Este País tem uma dívida muito grande ainda com os indígenas, os negros, e com as pessoas mais pobres que desejam cursar uma universidade. Estamos preparando um programa de governo, onde queremos propor a criação de mais universidades, escolas técnicas, e ainda federalizar o ensino médio no País”, revelou Lula.
A UFFS abrange mais de 400 municípios da Mesorregião Grande Fronteira Mercosul – Sudoeste do Paraná, Oeste de Santa Catarina e Noroeste do Rio Grande do Sul. A sede da UFFS fica em Chapecó (SC), e os outros campi estão localizados nos municípios de Realeza e Laranjeiras do Sul (PR) e Cerro Largo, Erechim e Passo Fundo (RS).
Assentamento – Logo após a sua passagem pela UFFS, Lula teve encontro com agricultores do Assentamento 8 de Junho, em Laranjeiras do Sul. No encontro com os assentados, Lula reafirmou que a caravana Lula pelo Sul está sendo perseguida por grupos fascistas. “Já atiraram ovos, pedras. Hoje deram até um tiro no ônibus”, condenou o ex-presidente.
Lula criticou os métodos violentos daqueles que se opõem à democracia: “Se tem uma pessoa que fez muitas viagens nesse País fui eu. Já percorri o Brasil inteiro, 91 mil km de barco, trem e ônibus. Já fiz campanha política em todo o território nacional e vocês nunca ouviram falar de violência”. O presidente mostrou-se preocupado com o ódio de minorias que insistem em atacar a Caravana. “O que eu estou vendo agora é quase o surgimento do nazismo. O que estamos vendo agora não é política, porque se quisessem derrotar o PT, iriam para as urnas”.
Lula criticou os extremistas de direita que não se conformam em saber que os pobres podem e devem melhorar de vida. “Eu acho que eles não suportam a melhoria de vida que os mais pobres tiveram. É demais pra cabeça deles ver o filho do agricultor daqui estudando agronomia. Eles querem tudo pra eles”.
O ex-presidente disse ainda que as autoridades estaduais e federais deveriam dar proteção à caravana e inibir a ação dos vândalos. “Esperamos que quem está no governo estadual e federal, seja golpista ou não, assuma a responsabilidade. Atacaram o ônibus que estava a imprensa”, disse referindo-se ao ônibus que foi alvejado por tiros nesta terça-feira (27). O Paraná foi o único estado da federação de todos os percorridos pela caravana Lula pelo Brasil a não fornecer uma escolta policial para a comitiva dos ônibus.
E Lula concluiu: “Eles não admitem que o povo pobre melhore de vida. Ficam com ódio. Que saibam: vou voltar, porque é preciso terminar a reforma agrária, demarcar as terras indígenas e quilombolas. Ainda que eu tenha apenas um minuto de vida daqui pra frente, esse minuto será dedicado a lutar pela dignidade do povo brasileiro”, finalizou.
Héber Carvalho e Carlos Leite