Projeto de educação não pode estar afastado de um projeto de nação. Esse foi o entendimento de debatedores que participaram do Seminário Resistência, Travessia e Esperança, que abordou, nesta quinta-feira (7), a temática ligada à educação. O evento coordenado pelo deputado Pedro Uczai (PT-SC), é uma iniciativa das bancadas do PT na Câmara, e do Senado, Instituto Lula, PT Nacional e Fundação Perseu Abramo.
“Apesar de já ter um eixo que é a educação superior, ciência e tecnologia, tudo tem a ver com o projeto de educação. E esse projeto não está afastado do projeto de país, de um projeto de nação. Não há projeto de educação que seja afastado de um projeto de nação e nesse aspecto e todos nós que militamos nessa área da educação temos agora nossa atenção focada”, afirmou Luiza Matos Mota, reitora do Instituto Federal da Bahia
Por sua vez, Pedro Uczai destacou com um dos pontos fortes do debate foi a síntese do legado dos governos Lula e Dilma para o setor educacional brasileiro. “Eu ficaria com essa síntese do legado exposto pelo Edward [Madureira Brasil] de que em nossos governos o Brasil viveu uma expansão extraordinária no setor educacional e também de tudo que foram capazes de fazer no ensino superior, nos institutos federais, nas universidades e na ciência”, afirmou Uczai ao se referir à exposição feita pelo ex-presidente da Andifes Edward Madureira Brasil.
Para Uczai, o desmonte e a destruição promovidas pelo governo Bolsonaro servirão de travessia para a construção e retomada de um novo projeto de governo que se avizinha com a possibilidade de eleição do ex-presidente Lula.
“Compreendo que o governo Bolsonaro destrói o sistema educacional, pois quando constrói escolas militares, ele está construindo outro projeto de sociedade e outras relações na própria educação. Está claro o desmonte e destruição aos mecanismos de apoio à ciência e à tecnologia no Brasil e também no ensino superior”, reafirmou Uczai.
Expansão universitária
Em sua fala, Edward Madureira Brasil lembrou que no seu segundo mandato como reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG,) o Brasil passou no sistema de educação superior por um período de uma expansão extraordinária. Para ele, o que chamou mais atenção naquele período foi a expansão das vagas na graduação. Segundo ele, a instituição tinha 13 mil estudantes, cerca de 4 mil vagas no ingresso e chegou a ter quase 30 mil estudantes e 7 mil vagas no ingresso.
“Isso tem um papel fundamental em um país que atende menos de 20% dos jovens de 18 a 24 anos. Talvez quando a gente fala em legado, o grande legado, além desse, foi o impacto que a gente teve na pós-graduação e por consequência na ciência brasileira”, disse o ex-presidente da Andifes.
Sobre o futuro, Edward Madureira defendeu a articulação que envolvem os sistemas. “Essas 69 universidades existentes hoje, se agirem em rede junto com os 38 institutos federais, e com as universidades estaduais, tem tempo para reconstruir o Brasil”, assegurou. Segundo Madureira são necessárias grandes políticas que articulem a proposição de políticas públicas, soluções para os problemas existentes, e “tudo aquilo que se pode vislumbrar para o País, as universidades podem fazer”, assegurou.
Estudantes
A dirigente da UNE Stefany Tavares lamentou a crise pela qual passam os estudantes, a juventude brasileira. Conforme ela, nesse governo atual os jovens não têm mais perspectivas de futuro. “O nosso futuro está sendo estraçalhado. São muito importantes esses debates em ano de virada, o que este ano representa sobretudo para a juventude uma vez que a gente acha que vai se abrir um caminho novo para se trilhar”, disse esperançosa a dirigente estudantil.
Entre outros pontos sugeridos pela UNE estão o valor da bolsa estudantil que, segundo a estudante está defasado, o debate sobre a lista tríplice que não está sendo respeitada, a autonomia das universidades não está sendo respeitada, e respeitar ainda a paridade na escolha dos reitores das instituições públicas de ensino superior.
Também participaram do evento, Stella Contijo, dirigente da ANPG, e Newton Lima, ex-deputado federal pela Bancada do PT.
Benildes Rodrigues