Polícias Militar e Civil de São Paulo reprimem ato “Fora Temer” no pior estilo AI-5

ViolenciaPMfotoDanielIsaiaAgenciaBrasil

A narrativa da grande imprensa e da polícia sobre a manifestação de 100 mil pessoas no domingo em São Paulo (5), assim como ocorreu com os demais protestos deste o dia 31, está sendo construída por um viés distorcido para criminalizar os movimentos “Fora Temer” e reforçar o apoio a um golpe parlamentar que rasgou a Constituição. Ontem, mais uma vez, depois de um movimento pacífico, a PM fascista e tucana de São Paulo abriu “fogo” contra os manifestantes, enquanto a Polícia Civil, trabalhando em uma frente de repressão paralela, protagonizou um episódio digno dos “áureos” tempos de AI-5.

“Não dá para aceitar uma escalada autoritária, já afastaram uma presidenta sem crime de responsabilidade algum, agora não pode ter nem mais manifestação livre?! Não existe mais liberdade de expressão?! Essa é uma conquista nossa que participamos sempre dos movimentos das ‘Diretas já’, depois do movimento do ‘Fora Collor’, e nunca houve nada disso. Nós não podemos tratar isso como algo normal”, protestou de forma indignada o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que depois de participar de protestos no Rio de Janeiro, no domingo, foi até São Paulo.

Além de anunciar uma coletiva para esta segunda-feira (5), às 12h, com o objetivo de denunciar os abusos da polícia tucana, o senador disse que vai preparar, juntamente com outros parlamentares e movimentos sociais, uma representação para eviar à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), denunciando os abusos. “Nós não vamos aceitar que transformem isso aqui em uma ditadura, porque a escalada autoritária é um fato. Tem criminalização dos movimentos sociais, já prenderam um dirigente do MST em Goiás”, protestou.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que participou do protesto, avaliou que a ação policial não é à toa. Segundo o parlamentar, a mensagem que Polícia Militar quer transmitir através da repressão é que as pessoa não devem ir a esses atos. “Na semana passada, teve uma repressão forte em um encontro da juventude, e inclusive uma menina, a Deborah [Fabri] perdeu a visão. Isso demonstra a escalada de violência da polícia de São Paulo. A atual Secretaria de Segurança Pública e a equipe do Alexandre de Moraes – que virou ministro da Justiça e está articulada com o governo Temer – acham que a repressão vai tirar o povo das ruas”, disse Teixeira.

O deputado comunicou que, além da denúncia à OEA, serão encaminhadas representações ao Ministério Público estadual e ao Ministério Público Federal. Os artífices do golpe – na avaliação de Paulo Teixeira – trabalham em duas vertentes. “Estão, de um lado, rompendo com a democracia, dando um golpe parlamentar e constitucional, já que o que aconteceu em Brasília [o impeachment] foi uma farsa – e, por outro lado, querem tirar direitos do povo e impedir que a população se expresse. Ora, conquistamos a democracia com muitas mortes, com muitos torturados, muitos exílios, mas conquistamos muitos direitos no Brasil, e vocês (golpistas) não venham querer retroceder”.

Manifestação Pacífica – Lindbergh afirmou que, ao ver a grandiosidade da manifestação pacífica e democrática, ficou de “alma lavada” depois de tudo o que presenciou no Senado Federal, com o desfecho golpista que tirou Dilma Rousseff da Presidência. “Foi muita alegria ver uma mobilização como essa. Mas ao final meu sentimento foi de indignação. Senhor Geraldo Alckmin nós não vamos aceitar que o senhor, em conluio com o Temer, imponha isso: restringir um direito sagrado do povo brasileiro, que é o de manifestar-se. E essas manifestações não vão parar”, avisou.

Embora a mídia esconda, havia entre os manifestantes famílias com crianças de colo, adolescentes acompanhados de seus pais, estudantes protestando em grupo e representantes de movimentos sociais. Gente de todas as idades que lotou a Avenida Paulista para caminhar até o Largo da Batata em nome da democracia. Tudo transcorreu de maneira tranquila e organizada em uma caminhada de cerca de cinco quilômetros. Porém, quando os manifestantes começaram a se dispersar em direção ao metrô Faria Lima, a Polícia Militar começou a jogar bombas de gás lacrimogênio para dispersar o fluxo dentro e fora da estação.

A ação policial despropositada pegou de surpresa quem estava no Largo. Muita gente, incluindo idosos, passou mal por causa dos efeitos característico do gás: tosse, falta de ar, lacrimejamento… Tumulto generalizado com pessoas correndo da violência policial, tentado se proteger das bombas que eram jogadas a esmo na direção de quem quer que fosse, sem justificativa plausível. Bombas foram arremessadas, inclusive, dentro de estabelecimentos comerciais, onde muita gente parou depois da caminhada para comer e beber alguma coisa.

Prisões – Mesmo antes da manifestação, as forças repressivas já estavam em ação. Informações preliminares, já que foi impossível ter acesso a dados oficiais, dão conta de que 26 jovens foram presos e passaram a noite na DEIC [Departamento Estadual de Investigações Criminais] por associação criminosa e corrupção de menores. Do total de 26 detidos, cinco são adolescentes e irão para a Fundação Casa. Os demais farão uma audiência de custódia e irão para a penitenciária.

O grupo maior, de 21 jovens, havia se reunido num ponto de encontro no Centro Cultural Vergueiro antes da manifestação. Foram cercados aproximadamente às 15h por policiais com armas letais e detidos por estarem supostamente portando pedras nas mochilas – coisas que eles negam. Um deles disse que nem tinha mochila e que plantaram uma barra de ferro ao lado dele. Os materiais encontrados foram: máscara de gás, gaze, vinagre, bandanas.

Na delegacia, os jovens ficaram completamente incomunicáveis, prestaram e assinaram depoimento sem a presença de advogado. Muitos advogados que já estavam de frente à delegacia foram impedidos de acompanhar ou se comunicar com os detidos. Horas depois de detidos, muitos deles ainda não haviam entrado em contado com os pais.

PT na Câmara

Foto: Daniel Isaia/Agência Brasil

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