Hoje, 31 de agosto, completam-se dois anos do golpe parlamentar, midiático e jurídico que destruiu a democracia brasileira, que empurrou 23,3 milhões de pessoas para a pobreza, que retirou direito dos trabalhadores, que deixou 13 milhões de desempregados e que congelou investimentos públicos por 20 anos. Naquele dia, a maioria dos senadores escolheu rasgar a Constituição Federal e afastar definitivamente do poder a presidenta Dilma Rousseff, que foi legitimamente eleita com 54 milhões de votos e que não cometeu nenhum crime de responsabilidade.
Depois do golpe, a população brasileira, especialmente a mesmo favorecida, passou a enfrentar tempos difíceis, com a volta da miséria, com o retorno da fome, com o aumento do desemprego, com a ampliação da informalidade no mercado de trabalho, com o crescimento da mortalidade infantil, com a restrição no acesso aos serviços públicos de educação e saúde e com a explosão da violência urbana e rural.
“O golpe dilacerou o Brasil, descontruiu a democracia, retirou direitos do povo e implantou o projeto mais conservador e de direita do País, servindo a uma agenda neoliberal, na contramão do projeto de Nação aprovado nas urnas em 2014”, avalia o deputado José Lula Guimarães (PT-CE), que ocupava a Liderança do governo Dilma na Câmara, durante a época do impeachment.
O resultado do golpe, de acordo com o parlamentar, foi um “País de terra arrasada, com uma economia sem perspectiva de crescimento, desemprego crescente e direitos constituídos sendo atacados e destruídos”. Guimarães critica ainda as políticas equivocadas do governo golpista de Michel Temer, que acabou com programas sociais, que retirou recursos da saúde, da educação, da habitação e da segurança. “Hoje, no Brasil, milhares de pessoas estão passando fome. Situação que não se via nos governos Lula e Dilma, que reduziram desigualdades, criaram oportunidades e retiraram o País do Mapa da Fome”.
Desmonte – Para o líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Paulo Lula Pimenta (RS), o golpe parlamentar serviu para entregar o pré-sal, desmontar a Petrobras, destruir os direitos trabalhistas e congelar o orçamento social. “Hoje, está cabalmente confirmado tudo aquilo que nós denunciávamos já em 2015, a partir do momento em que o então deputado Eduardo Cunha (MDB) ocupou a Presidência da Câmara”.
Paulo Pimenta relembra que setores conservadores e entreguistas dentro do Congresso Nacional fizeram um pacto com agentes do Judiciário, do Ministério Público, da mídia e do grande empresariado para derrubar o governo Dilma Rousseff e implantar uma agenda neoliberal. “Eles tinham como prioridade máxima acabar com a soberania nacional e com a legislação trabalhista para maximizar os lucros do capital, na maior parte dos casos, associados a grupos estrangeiros”.
Na avaliação do líder petista, os setores que deram o golpe no Brasil não se importam se todas essas medidas estejam causando a destruição da rede de proteção social e trazendo tanto sofrimento para dezenas de milhões de famílias. “Para eles, a única coisa que importa é continuar comandando o Brasil como se fosse uma grande fazenda, com a Casa Grande e a senzala refletidas na nossa estrutura de classes”.
Essência do golpe – Ao fazer o balanço dos dois anos do golpe, o deputado Afonso Lula Florence (PT-BA), que liderou a Bancada do PT no ano de 2016, reforça que as medidas adotadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer confirmam a essência do golpe: terceirização, reforma trabalhista, ataque à Petrobras, tentativa de privatizar o setor elétrico e fim de políticas sociais. “Nós, os movimentos sociais organizados e os setores importantes da intelectualidade nos posicionamos do lado certo, em defesa do mandato legítimo da presidenta Dilma. Não havia crime de responsabilidade, aquilo foi um golpe de Estado, que infelizmente se consumou”.
Florence lamenta que, desde o golpe, o governo Temer vem atacando as liberdades democráticas, em particular, do movimento social organizado e dos trabalhadores. “Setores do Judiciário recrudesceram não só contra o ex-presidente Lula, mas contra ativistas dos movimentos sociais e sindicais que reagiram às medidas nefastas de corte de direitos do governo ilegítimo”.
Para Florence, ficou confirmada a natureza golpista daqueles que atentaram contra o destino da Nação brasileira. “Enquanto nós defendíamos a democracia, eles a atacavam. Enquanto Lula e Dilma desenvolveram programas oriundos das classes trabalhadoras, para tornar o País mais generoso, com um novo modelo de desenvolvimento, os golpistas congelaram gastos públicos, empurraram a Reforma Trabalhista, atacaram a Petrobras e tentaram privatizar o setor elétrico”.
Vânia Rodrigues