Frente é uma iniciativa da Central Única das Favelas (CUFA) e da Frente Nacional Antirracista (FNA)
Com o auditório Nereu Ramos lotado, o Congresso Nacional lançou ontem (14) a Frente Parlamentar em Defesa das Favelas e Respeito à Cidadania dos seus Moradores. A criação da Frente é uma iniciativa que partiu de entidades ligadas às comunidades brasileiras, como a Cufa (Central Única das Favelas) e a Frente Nacional Antirracista.
Além da presença de centenas de deputados, participaram da abertura da Frente o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli e dez ministras e ministros do governo Lula: Ana Moser (Esporte), Anielle Franco (Igualdade Racial), Daniela Carneiro (Turismo), Flávio Dino (Justiça), Jader Barbalho Filho (Cidades), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral), Margareth Menezes (Cultura), Silvio Almeida (Direitos Humanos), Simone Tebet (Planejamento) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas).
A ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) afirmou que a criação da Frente é uma divisora de águas. “Existe uma frase maravilhosa que eu sempre carrego comigo, do Emicida, que é assim: ‘nada sobre nós sem nós’. É impossível a gente pensar o que é que a favela precisa sem chamar o favelado para conversar”, defendeu.
Comunidades valorizadas
O presidente da Frente de Defesa das Favelas, deputado Washington Quaquá (PT-RJ), disse que as comunidades precisam ser valorizadas e vistas como uma potência do País. “A favela não pode ser vista pela política só como um manancial de votos. A favela tem que ser um local que a política vai lá, instala política pública e transforma a vida do povo brasileiro”, afirmou.
A Frente Parlamentar vai promover estudos e atividades para incentivar e fortalecer políticas públicas voltadas aos moradores de favelas e periferias em cidades brasileiras.
Início do projeto
Conselheiro da Cufa e novo secretário executivo da Frente em Defesa das Favelas, Preto Zezé lembrou o início do projeto. “Essa história começou com uma provocação que a gente já vinha fazendo há muito tempo. Primeiro, apresentamos um projeto ao deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). Quando optamos pela criação da frente parlamentar e iniciamos o processo de assinaturas, cruzamos também com o Washington Quaquá, que já estava pensando em algo parecido”, recordou.
Durante o discurso, Preto Zezé enfatizou que um dos pontos fortes da Frente é o fato de ela já nascer com membros dos mais diversos partidos, de esquerda e de direita. “A gente precisa produzir, na realidade atual do Brasil, políticas institucionais que vão além das conveniências partidárias e dos senhores parlamentares. Então, a gente precisava fazer uma Frente de Defesa das Favelas numa dimensão suprapartidária. Até porque as favelas, na sua diversidade, votaram em candidatos de diversas posições, e a Frente tinha que revelar essa diversidade para ter legitimidade na sociedade”, explicou.
Para a presidente nacional da Cufa, Kalyne Lima, a Frente é um marco na história do País, pois a favela nunca se viu tão empoderada e tão pertencente a um espaço de construção política como nesse momento.
“Tenho muito orgulho de fazer parte de uma organização que me ensinou e pautou toda a minha história na coletividade. Cada homem, mulher, criança, idoso, dos territórios que atuamos, independente se o identifica como favela, periferia, comunidade, quebrada ou vila, todos nós e todas nós estamos prontos para construir uma política mais participativa, mais inclusiva e com mais justiça social”, disse, em seu discurso.
Parcerias
A Frente das Favelas também vai buscar parcerias com a iniciativa privada para a profissionalização dos agentes multiplicadores das comunidades e periferias. O intercâmbio com entidades nacionais que tratam sobre o tema será constante.
“Estamos muito felizes de estarmos participando desse momento histórico. As soluções para a sociedade passam pela inclusão do povo preto no debate político. Essa frente vai contribuir muito para o avanço da nossa agenda”, comemorou Priscila França, coordenadora da Frente Nacional Antirracista (FNA).
Assessoria de Comunicação deputado Quaquá