“Eles pensam que nos venceram, mas estão enganados”, afirma Dilma Rousseff

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Dois dias depois de apresentar sua defesa antológica aos senadores, Dilma Rousseff fez mais um discurso para ser emoldurado pela história. Pouco depois da consumação do golpe, a presidenta legitimamente eleita se dirigiu à nação brasileira nesta quarta-feira (31) para dizer que continuará de pé e na luta. “Esta história não acaba assim. Estou certa de que a interrupção deste processo pelo golpe de estado não é definitiva. Nós voltaremos. Voltaremos para continuar nossa jornada rumo a um Brasil em que o povo é soberano”, assegurou Dilma.

A presidenta também mandou um recado direto aos golpistas: “eles pensam que nos venceram, mas estão enganados”. Logo em seguida sentenciou que haverá contra o governo usurpador “a mais firme, incansável e enérgica oposição” que ele pode sofrer. Dilma também destrinchou um dos principais motivos do golpe, que seria servir “a políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça”, unidos a todos os derrotados nas últimas quatro eleições.

Num clima de emoção, em que Dilma estava acompanhada de deputados, senadores, ex-ministros, representantes de movimentos sociais e militantes, ela disse estar enfrentando o segundo golpe de estado da sua vida. “O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo”.

O resultado dessa farsa foi provocar – segundo Dilma – uma “inequívoca eleição indireta”, em que 61 senadores substituíram a vontade expressa por 54,5 milhões de votos. “É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis”, avisou. Dilma disse ser espantoso observar que a maior ação contra a corrupção da história brasileira – resultante das ações desenvolvidas e das leis criadas a partir de 2003 – tenham levado ao poder um grupo de corruptos investigados.

Dilma Rousseff pontuou de maneira lúcida o que os golpistas intentam no poder, já que o golpe não foi apenas contra uma presidenta eleita ou contra um partido específico. “O golpe vai atingir indistintamente qualquer organização política progressista e democrática. O golpe é contra os movimentos sociais e sindicais e contra os que lutam por direitos em todas as suas acepções: direito ao trabalho e à proteção de leis trabalhistas; direito a uma aposentadoria justa; direito à moradia e à terra; direito à educação, à saúde e à cultura; direito aos jovens de protagonizarem sua história; direitos dos negros, dos indígenas, da população LGBT, das mulheres; direito de se manifestar sem ser reprimido”.

Caminhando para o fim de seu discurso, a presidenta se dirigiu diretamente aos brasileiros, que, durante seu governo, superaram a miséria, realizaram o sonho da casa própria, começaram a receber atendimento médico, entraram na universidade e deixaram de ser invisíveis para o Estado. “Quando o presidente Lula foi eleito pela primeira vez, em 2003, chegamos ao governo cantando juntos que ninguém devia ter medo de ser feliz. Por mais de 13 anos, realizamos com sucesso um projeto que promoveu a maior inclusão social e redução de desigualdades da história de nosso País”.

Dilma Rousseff terminou seu discurso partilhando versos do poeta russo Maiakovski:

“Não estamos alegres, é certo,
Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado
As ameaças e as guerras, haveremos de atravessá-las,
Rompê-las ao meio,
Cortando-as como uma quilha corta.”

PT na Câmara

Foto: PT no Senado

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