Na noite dessa quinta (21) Anne Moura e a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) conversaram sobre como o aplicativo de mensagens WhatsApp virou uma ferramenta de propagação das Fake News durante transmissão ao vivo por meio do Instagram. Luizianne é cearense e titular da CPMI das FakeNews, criada para investigar os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e a utilização de perfis falsos para influenciar os resultados das eleições em 2018.
Se as medidas de isolamento estão difíceis de se consolidarem, grande parte tem a ver com a máquina de mentiras e invenções em pleno funcionamento do governo Bolsonaro. Além dos impactos com a saúde pública, a propagação de fake news também prejudica uma disputa legítima do processo eleitoral, corroendo os pilares básicos de uma sociedade democrática.
A deputada explica que a rede de ódio e mentira bolsonarista começou a ser gestada ainda em 2012 e se fortaleceu ao longo dos anos, culminando na eleição 2018 com uma força digital que pegou os setores democráticos e a instituições de controle totalmente desprevenidos. “O que hoje se consolidou como o “gabinete de ódio” já existia enquanto prática durante o último processo eleitoral”, apontou Luizianne.
Esse foi um movimento global que atingiu não apenas a democracia brasileira. Grandes conglomerados internacionais convergiram em um momento de grande crise neoliberal e disputa econômica, fazendo das tecnologias e meios digitais novas armas dessa guerra por hegemonia.
Por que WhatsApp?
Nos países emergentes e pobres, o acesso à internet banda larga ainda é inacessível economicamente para a maior parte da população. Portanto telefonia pré-paga com pacotes de redes sociais se tornam alternativas mais utilizada pelos usuários. Luizianne apontou três elementos importantes para o WhatsApp ter se notado a principal ferramenta de propagação da fakenews no Brasil: baixa renda da população que limita o uso qualificado da internet, a possibilidade de anonimato — pelo fato de se tratar de mensagens privadas trocadas entre grupos –, e dificuldade de fiscalização.
“WhatsApp se tornou não apenas uma ferramenta de comunicação, mas uma necessidade — portanto a mentira capilariza de forma rápida e chega em diversas camadas da população”, explica.
Os ataques da rede de ódio ao #EleNão
O #EleNão foi uma das maiores manifestações políticas da América Latina dos últimos 20 anos e marcou um ponto de inflexão na campanha eleitoral de 2018: milhões de mulheres brasileiras ocuparam as ruas no país inteiro. No entanto, as imagens das manifestações que ocorreram em um sábado não foram as mesmas que pipocaram nos celulares e WhatsApp de outros milhões de brasileiros, no domingo de manhã. Vários grupos se organizaram, coordenados pelo gabinete ódio, com grupos conservadores, fundamentalistas e evangélicos.
CPMI das FakeNews e eleição 2020
As atividades da CPMI estão interrompidas desde 17 de março, quando, em decorrência da epidemia de Covid-19, foi cancelada a última reunião prevista. No final de abril, o presidente do colegiado pediu suporte para a realização de sessões remotas. A CPMI tem prazo até outubro para concluir os trabalhos, no entanto, por conta do tempo suspensão (que não é contabilizado no prazo permitido para duração da investigação), a Comissão pode durar até o fim do ano.
Luizianne relata que as investigações estão cada vez mais próximas do filho do presidente, suspeito de ser o coordenador do “gabinete do ódio”, uma rede de mentiras montada dentro do Palácio do Planalto e financiada com dinheiro público.
“As ameaças aos ministros do STF, por exemplo, estão sendo investigadas. Os resultados dessa Comissão vai ser muito importante para o Brasil e para termos um processo eleitoral em que a verdade seja o fiel do debate”, finalizou a deputada.
Por PT Nacional