Estudo da recente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) aponta que apenas 53 mil pessoas são formadas por ano em cursos de perfil tecnológico e a demanda média anual é de 159 mil profissionais de Tecnologia da Informação e Comunicação no Brasil. Além disso, a pandemia de Covid-19 escancarou a desigualdade tecnológica na educação pública. Esses foram os principais temas debatidos no evento Transformação digital na educação: desafios do Estado, patrocinado pela Microsoft e realizado nesta quinta-feira (9) na Casa JOTA, com participação de parlamentares e especialistas.
O líder do PT na Câmara, deputado federal Reginaldo Lopes (MG), participou do debate e ressaltou a desigualdade na inclusão digital revelada pela pandemia. “Estamos muito atrasados. O programa de internet do governo não teve sensibilidade de olhar para o campo, para áreas mais distantes. Vamos precisar tomar uma decisão para o País: o que queremos? Como vamos transformar essa nação rica e também desigual? Precisamos de um esforço coletivo para que a tecnologia seja aliada de um novo processo educacional”, afirmou.
A vice-presidente Jurídica da Microsoft Brasil, Alessandra Del Debbio, afirmou que a empresa enxerga a tecnologia como instrumento, um meio, e não um fim. “Como sociedade só seremos bem-sucedidos se não deixarmos ninguém para trás, precisamos inserir e reinserir todo mundo. Precisamos de educação, capacitação profissional, habilitação da economia digital e crescimento sustentável com impacto social. E, no Brasil, que estamos falando de tanto retrocesso, precisamos encarar isso com coragem”.
Hebert Lima, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e secretário de Educação de Sobral (CE), afirmou que, além do investimento em infraestrutura, é preciso oferecer capacitação e qualificação dos profissionais.
“É preciso ir além do uso de tecnologia, é importante também o fortalecimento da gestão escolar, professores e diretores qualificados, fortalecer a autonomia da escola e é fundamental ter avaliações de diagnóstico para pautar uma política. Outro eixo é valorizar o magistério por meio de incentivos e gratificações. Esses são alguns pilares importantes para uma política pública de ensino de qualidade que transforme efetivamente a vida das crianças. E a tecnologia é uma ferramenta a mais”, declarou Lima.
Desafios políticos
O presidente Frente Parlamentar Mista de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação, senador Izalci Lucas (PSDB-DF), citou que participou da elaboração do Plano Nacional de Educação, mas que ele se tornou apenas um “plano de intenção”.
“Não conseguimos atingir as metas do plano. A luta da inclusão digital é imensa. Não temos uma política pública de Estado, temos de governo. Cada governo que entra começa de novo, e dentro dos próprios governos temos um isolamento completo. Hoje estamos no 5º ministro da Educação, o 6º de Saúde, e não há interação nenhuma”, criticou o senador.
O deputado Professor Israel Batista (PSB-DF), presidente da Frente Parlamentar Mista de Educação, reafirmou a necessidade da valorização de professores. “Não tem como você fazer uma escola qualificada se um dos principais atores da escola não tem prestígio. O aluno olha pra ele e prefere o YouTube. O Brasil me parece perdido em debates secundários, laterais, mas porque não temos tratado esse debate com a centralidade que merece. Temos cortes consecutivos na área de educação”, criticou.
Prioridades
O deputado Reginaldo Lopes afirmou ainda que o próximo governo precisa definir prioridades como romper com as desigualdades. “Para além das estruturas nas escolas, precisamos pensar em praças públicas conectadas, pensar em uma política nacional de tecnologia. Somos um País de mais de R$ 1 trilhão de PIB, é inaceitável dizer que não tem orçamento”.
A Microsoft lançou o Plano Mais Brasil para promover o crescimento da educação, capacitação profissional e empregabilidade com uma plataforma de ensino remoto com cursos em todos os níveis, desde educação digital até módulos mais avançados de computação em nuvem e ciência de dados.
O relatório estima que as empresas de tecnologia demandem 797 mil talentos de 2021 a 2025. No entanto, com o número de formandos aquém da demanda, a projeção é de um déficit anual de 106 mil talentos — 530 mil em cinco anos.
Redação do PT na Câmara, com Site Jota.Info