É urgente um cessar-fogo humanitário, afirma ministro das Relações Exteriores sobre a guerra Israel-Palestina

Ministro Mauro Vieira fala sobre a agenda internacional -Foto: Gabriel Paiva

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, nesta quarta-feira (13), que o Brasil defende o fim da guerra entre Israel e a Palestina. O chanceler brasileiro também falou sobre a disputa Venezuela-Guiana e o acordo comercial Mercosul-União Europeia.

O ministro lembrou que o presidente Lula e o Itamaraty condenaram os atos terroristas realizados pelo Hamas em 7 de outubro contra a população civil em Israel logo que aconteceu. Mauro Vieira também reafirmou que o Brasil defende o cessar fogo por parte de Israel que já matou inúmeros civis palestinos.

“Desde o primeiro momento, fizemos um chamamento a todas as partes, para que exercessem a máxima contenção, a fim de evitar uma escalada da situação. Defendemos que o Hamas libertasse os reféns, especialmente as crianças, que foram sequestradas de suas famílias. Pedimos a Israel cessar os bombardeios, para que as crianças palestinas e suas mães tivessem condições de deixar Gaza através da fronteira com o Egito e de receber ajuda humanitária. Destacamos desde o princípio a urgência de um cessar-fogo humanitário e exortamos as partes a respeitarem o direito humanitário Internacional”, apontou Mauro Vieira.

Ele também lamentou que o conflito entre Israel e Palestina, que se arrasta há mais de sete décadas, tenha voltado ao topo da agenda internacional da forma como ocorreu, “com grau inédito de violência, destruição e morte, colocando em risco a estabilidade regional e global”.

Deputado Arlindo Chinaglia – Foto: Gabriel Paiva

Maior cárcere a céu aberto

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) defende que o povo Palestino tenha seu território assegurado. “Não há povo no mundo mais abandonado, mais injustiçado que os palestinos. Podem haver situações dramáticas tanto quanto, inclusive dos judeus durante o nazismo. Mas isso não pode dar ao Netanyahu (Benjamin – primeiro-ministro de Israel), esse poder de vida e de morte de uma população encarcerada. A Faixa de Gaza é o maior cárcere a céu aberto do mundo”.

Mauro Vieira disse que é “inadmissível” o que o povo que vive em Gaza vem passando. “É inadmissível que a população civil de Gaza tenha sido submetida a tamanha destruição de sua infraestrutura mais básica, desde redes de eletricidade, saneamento e esgoto, até o ataque ao hospital batista de Gaza, que resultou na morte de mais de 500 pessoas”.

O deputado Flávio Nogueira (PT-PI) parabenizou a conduta da diplomacia brasileira e do presidente Lula no conflito entre Israel e Palestina.

Deputado Flávio Nogueira – Foto: Gabriel Paiva

Acordo comercial

Os deputados também mostraram preocupação com o futuro do acordo comercial Mercosul-União Europeia, cujas negociações se arrastam há mais de 20 anos. O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) avaliou que são poucas as chances de um acerto entre os dois blocos. “Eu mesmo julgo que talvez essa discussão já esteja a ponto de ser deixada de lado, haja vista tantas exigências feitas pela Europa”, disse.

O ministro Mauro Vieira afirmou que as conversas continuam e ele espera que um acordo seja fechado em breve. “Daqui até fevereiro, pelo estado da negociação, poderemos avançar e concluir esse acordo. Podemos ter esperança de concluí-lo ainda”, disse.

Deputado Carlos Zarattini – Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

Venezuela e Guiana

A disputa Venezuela-Guiana foi um dos assuntos que dominaram o debate. Mauro Vieira acredita que a reunião entre os presidentes da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Guiana, Mohammed Irfaan Ali, dificilmente resultará em um acordo, mas é importante para estabelecer a negociação entre os dos países. O chanceler brasileiro

Os dois presidentes vão se encontrar nesta quinta-feira (14) em São Vicente e Granadinas, no Caribe, em uma cúpula diplomática negociada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por líderes caribenhos. A Venezuela reivindica a região de Essequibo, rica em recursos naturais e que pertence à Guiana.

“Eu achei até que o presidente da Guiana podia não ir, mas acho que foi um gesto de boa vontade, de ir de conversar. Ninguém espera sair de lá com tudo resolvido, não será assim, mas é um importantíssimo passo no sentido do entendimento”, disse Vieira.

 

Lorena Vale, com Agência Câmara

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