Documento da PGR confirma a “intenção de Bolsonaro de proteger seu clã familiar com troca na Polícia Federal”, afirma Pimenta

O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) anunciou, nesta quarta-feira (13), em sua página no Facebook, que documento da Procuradoria-Geral da República (PGR) confirma a “intenção de Bolsonaro de proteger seu clã familiar com troca na Polícia Federal”.

Segundo o parlamentar, notícia divulgada pelo portal UOL informa que na PGR consta a informação de que na “fatídica reunião ministerial de 22 de abril, Jair Bolsonaro falou em proteger seus familiares e amigos”.

De acordo com a matéria, no termo do depoimento prestado nessa terça-feira (12) pelo ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência, o general reformado Augusto Heleno Ribeiro Pereira, os investigadores fizeram constar a informação de que o presidente Jair Bolsonaro falou em “proteger seus familiares e amigos” durante a reunião ministerial do dia 22 de abril. É o primeiro registro documental de que o presidente teria tratado do assunto no encontro dos ministros – pelo menos na percepção de autoridades que assistiram ao vídeo e que estavam no ato do depoimento de Heleno.

O termo de declarações de Heleno foi assim redigido e assinado pelo ministro, por delegados e procuradores da República: Heleno foi “perguntado sobre uma fala do presidente [Bolsonaro] no vídeo da reunião do dia 22 de abril de 2020, exibido nesta data por ordem do STF, que, no entender da PGR [Procuradoria-Geral da República] se refere ao superintendente do Rio de Janeiro, em que o presidente fala em proteger seus familiares e amigos, e perguntado quem são esses familiares e amigos, o depoente respondeu que precisaria assistir ao vídeo para poder responder”, informa a reportagem.

Afastamento de Bolsonaro

Ao avaliar o fato, amplamente divulgado pelas agências de notícias, sobre a confirmação, na terça-feira (12), do uso político da Polícia Federal pelo presidente Jair Bolsonaro, o líder da Bancada do PT, deputado Enio Verri (PR), o líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) e o deputado Paulo Pimenta afirmaram que a única saída que se apresenta para Bolsonaro, é o seu afastamento da Presidência da República.

O vídeo da reunião da ministerial exibido na terça (12), ao ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal, Bolsonaro teria afirmado que a família dele era perseguida e que por isso, iria trocar o comando da Polícia Federal.

O deputado Enio Verri disse que o País assiste estarrecido a mais um episódio protagonizado pelo presidente da República. “O que a gravação sugere é que Bolsonaro queria uma Polícia Federal só para ele, para defender os interesses pessoais e escusos da família dele. Sem dúvida nenhuma isso é crime e temos que tomar todas as providências para que ele responda legalmente por mais esse absurdo, além de todos os outros que ele faz diariamente”, criticou.

Para Zarattini, Bolsonaro não se preocupa com o Brasil e usa o governo “para defender sua família das punições contra os crimes que cometeram junto com as milícias”. O líder oposicionista disse que a cada dia se evidência o envolvimento do presidente com crimes de responsabilidade. “Não existe outra saída para o Brasil a não ser o afastamento de Bolsonaro e de todo seu governo. Precisamos de novas eleições!”, defendeu.

Acusação

Em seu depoimento à Polícia Federal, em Curitiba, o ex-ministro Sérgio Moro indicou o vídeo da reunião ministerial como prova das acusações que ele fez contra Bolsonaro durante o anuncio de sua demissão.

Moro afirmou que o presidente Bolsonaro tentou mudar o comando da PF no Rio de Janeiro em várias ocasiões. Na última tentativa do presidente, o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, foi demitido em 24 de abril por Bolsonaro. Fato que levou o ex-juiz a pedir demissão do cargo.

Trincheira de defesa da família

O deputado Paulo Pimenta lembrou que em vários momentos ele havia denunciado que Bolsonaro transformou o governo em “uma trincheira de defesa dos interesses criminosos de sua família e dos amigos”.

De acordo com o parlamentar gaúcho, ao fazer uma confissão pública de que a PF coloca em risco o interesse dos negócios da família, Bolsonaro oferece o último argumento que faltava para ser afastado da Presidência da República.

“Acho que o Supremo Tribunal Federal tem autoridade para pedir autorização para que Bolsonaro seja investigado por crime comum, crime de responsabilidade, e isso levará a um processo rápido de afastamento de Bolsonaro. Ele não reúne mais nenhuma condição de continuar governando o País”, afirmou Pimenta.

Benildes Rodrigues com Portal UOL

 

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