Em meio a palavras de ordem, música e poesia, militantes e dirigentes de movimentos sociais que lutam pela reforma agrária prometeram nesta segunda-feira (17) intensificar a luta contra as medidas propostas pelo governo Temer que prejudicam o acesso à terra e fortalecem o latifúndio. As declarações ocorreram durante a sessão solene em homenagem ao Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, e que também lembrou os 21 anos do massacre de Eldorado dos Carajás (PA), ocorrido em 1996.
No início da sessão presidida pelos deputados João Daniel (PT-SE) e Paulo Pimenta (PT-RS), militantes do MST entraram no plenário da Câmara cantando e segurando bandeiras do movimento. Após a declamação de uma poesia ressaltando a importância da reforma agrária, os mortos em Eldorado dos Carajás foram lembrados. Enquanto seus nomes eram pronunciados, os presentes no recinto diziam: presente!
Em vários pronunciamentos também foi destacado que, nesse dia 17 de abril, mas no ano passado, um golpe parlamentar afastou a presidente eleita Dilma Rousseff.
Para o líder da bancada do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), os mesmos setores da sociedade que patrocinaram o golpe agora tentam retirar os direitos do povo brasileiro. “Os golpistas que tomaram de assalto o Palácio do Planalto, representados pelos grandes empresários do mercado financeiro, do comércio e grandes proprietários de terras, se juntaram para impedir o avanço dos direitos do povo brasileiro. Temos que reagir, assim como já fizemos na época da ditadura”, conclamou.
Ao lembrar que o massacre de Eldorado dos Carajás (PA) foi motivado pela ganância dos latifundiários e a incompetência dos governantes, o representante da direção nacional do MST, Alexandre Conceição, disse que apenas a luta contra as injustiças pode fazer avançar a reforma agrária no País.
“Os mesmos que há 21 anos massacraram nosso povo, também praticaram a violência de retirar uma presidenta eleita do poder. Enquanto houver latifúndio, haverá foice e martelo para derrubar mourões e cercas, até que se faça a reforma agrária. Não obedeceremos nenhuma lei golpista, vai ter luta pela reforma agrária popular”, prometeu o dirigente do MST.
Entre as medidas do governo ilegítimo de Temer mais criticadas nos discursos figuraram a Medida Provisória (MP 759/16) – que revoga a atual legislação fundiária brasileira- e os cortes de recursos para os programas de reforma agrária e de assistência rural.
Também discursaram durante o evento a deputada Erika Kokay (PT-DF), representando a comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, o deputado Patrus Ananias (PT-MG), além de representantes de outras entidades do campo, caso da Contag, e dirigentes de entidades indígenas, religiosas e diplomáticas.
Héber Carvalho
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