A luta histórica do povo negro, que tem em Zumbi dos Palmares seu maior ícone, foi retratada na sessão solene, desta segunda-feira (21), na Câmara dos Deputados, em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra. Desigualdade, racismo, preconceito e a violência sofrida pela população negra brasileira motivaram a maioria das intervenções.
A homenagem foi uma iniciativa da bancada do Psol, subscrita pelo líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, deputado Reginaldo Lopes (MG).
Ao se pronunciar representando a bancada petista, o deputado Vicentinho (PT-SP) disse que nesta data e diante da dura realidade que o povo negro ainda vive, “não podemos deixar morrer a memória de Zumbi dos Palmares e Dandara, pois foram eles e por eles que estamos aqui”.
Ele afirmou ainda que todas as vezes que se faz o enfrentamento diário do racismo que marca a pele e a alma do País, está se revivendo a luta dessas duas figuras emblemáticas da história brasileira.
“Assim como a humanidade reverencia e não esquece de Martin Luther King, Nelson Mandela, Ghandi e outros que lutaram por melhores condições de vida e dignidade, Zumbi e Dandara não podem ser esquecidos”, reiterou.
Resultados das urnas
Vicentinho conclamou a todos para refletirem sobre os resultados das urnas, em que aqueles que representam a maioria da população como negros, mulheres, trabalhadores têm baixa representação no Parlamento brasileiro, em comparação com os patrões, com os grandes empresários e representantes do agronegócio do País.
“Precisamos contribuir com a formação da nossa gente, senão, vamos comemorar hoje o Dia da Consciência Negra, mas amanhã podemos ver votarem retiradas de direitos dos negros, jovens, mulheres, dos povos indígenas”, alertou.
O parlamentar explicou que para que isso ocorra, a visão dos negros e negras precisa ser uma visão de classe, ou seja, da classe trabalhadora “porque senão a gente vai se iludir e efetivamente nos frustraremos em ver muitos deputados eleitos pelo povo, mas que não representam a vontade do povo”.
Em sua fala, Quener Chaves, representante do Movimento Negro Unificado, lembrou que entre inúmeras dívidas que o Brasil tem com o povo negro, a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva era uma delas. “A vitória de Lula foi uma vitória do povo negro. Nosso povo não deixou que a extrema direita assumisse e nos colocasse no abismo”, destacou.
Quener Chaves apontou o enfrentamento à violência contra as religiões de matrizes africanas e o extermínio da juventude negra como grandes desafios a serem enfrentados.
Discurso de Vicentinho na íntegra:
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Benildes Rodrigues