“Devolvemos o País ao seu devido lugar na comunidade internacional”, afirma Mauro Vieira

Ministro Mauro Vieira reforça postura da diplomacia brasileira, que voltou a ter protagonismo internacional. Foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados

Ministro das Relações Exteriores abordou, na Câmara, acordo entre o Mercosul e União Europeia e conflitos no Oriente Médio.

Deputado Lindbergh Farias. Foto: Thiago Coelho

Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (19/6), o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fez um balanço sobre a volta do Brasil ao cenário internacional liderado pelo presidente Lula após o desgoverno do presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro. Ele também abordou o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, além de expressar a posição do Brasil sobre os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.

O chancelar avaliou que o objetivo de reposicionar o Brasil no mundo foi alcançado, devolvendo o País “ao seu devido lugar na comunidade internacional” no primeiro ano de governo do presidente Lula. “O presidente Lula e eu próprio mantivemos mais de 200 interações com contrapartes de todas as regiões do mundo, na forma de participação em cúpulas, visitas realizadas ou recebidas, reuniões bilaterais, telefonemas e outros contatos”, destacou Mauro Vieira.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) elogiou o ministro das Relações Exteriores pelo esforço de reposicionar o Brasil no cenário internacional após o desgoverno Bolsonaro. De acordo com o parlamentar, a gestão anterior, comandada pelo ex-chanceler Ernesto Araújo, isolou o Brasil com discursos “antiglobalistas”, resultando em uma situação de “pária internacional”.

Desgoverno de extrema direita

Lindbergh criticou a abordagem ambiental de Bolsonaro, que responsabilizou indígenas pelas queimadas e hostilizou parceiros tradicionais como Alemanha e Noruega. Ele recordou ainda que Bolsonaro também atacou a Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a pandemia, ao promover teorias conspiratórias, o que resultou em uma das maiores médias de mortes proporcionais por Covid-19 no mundo, com 700 mil vidas perdidas.

O parlamentar elogiou as ações do governo Lula, que incluiu a retomada de compromissos ambientais, estabeleceu meta de atingir desmatamento zero até 2030 e a normalização das relações com doadores do Fundo Amazônia. Além disso, ressaltou a liderança do Brasil no G20 e os esforços para discutir a desigualdade e a tributação dos mais ricos.

Mercosul-União Europeia

Mauro Vieira ressaltou que, apesar das eleições europeias, as condições das negociações para o acordo Mercosul-União Europeia permanecem estáveis. Desde o início do ano passado, o Brasil tem mantido negociações intensas com a Comissão Europeia. “A presidente da Comissão Europeia visitou o Brasil para destacar a importância estratégica do acordo para ambos os lados”, reforçou Vieira.

O ministro enfatizou que as negociações continuaram mesmo após o término da presidência brasileira do Mercosul, demonstrando o compromisso dos países envolvidos. Apesar da complexidade e amplitude do acordo, houve progresso em vários pontos pendentes. As eleições na União Europeia desaceleraram as negociações formais, mas as consultas informais seguiram ativas.

Vieira expressou otimismo em relação à conclusão do acordo até o final do ano. “Há boa vontade e disposição de ambos os lados para finalizar este acordo, conforme instruções do presidente Lula”, disse.

Conflito Israel- Palestina

Mauro Vieira abordou ainda o conflito entre Israel e Palestina, reiterando o apoio histórico do Brasil a Israel. Ele criticou a reação desproporcional do atual governo israelense. “Não negamos o direito de defesa de Israel, mas apelamos por comedimento e proporcionalidade”, afirmou.

Ele deixou claro que a posição do Brasil tem sido corroborada por outros líderes mundiais e decisões de tribunais internacionais. “Estamos do lado certo da história, promovendo a paz e buscando evitar a continuidade de conflitos sanguinários” observou Mauro Vieira. Ele cita números trágicos de mortos e desaparecidos, principalmente entre civis. “Já são 37 mil mortos, 10 mil desaparecidos, maior parte crianças, mulheres, é uma situação dramática”, lamentou.

Deputado Carlos Zarattini. Foto: Gabriel Paiva

Ataque Terrorista

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) reafirmou que o Brasil condena firmemente o ataque terrorista do Hamas e que o governo brasileiro não apoia ações terroristas nem quaisquer ataques contra o povo palestino. Ele enfatizou que o Brasil mantém uma posição equilibrada, denunciando tanto os atos de terrorismo quanto as ações que prejudicam os civis palestinos.

Deputado Arlindo Chinaglia. Foto: Thiago Coelho

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) apontou que o povo de Israel é amigo, assim como os árabes brasileiros que convivem pacificamente. No entanto, ele criticou a defesa acrítica ao governo de Israel por algumas pessoas e reiterou que o Brasil condenou o Hamas, qualificando suas ações como terroristas, mesmo contrariando defensores da Palestina.

Chinaglia lembrou que o Brasil foi o primeiro a apresentar uma solução de paz no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), que recebeu mais de dez votos favoráveis, mas foi vetada pelos Estados Unidos.

Embaixador do Brasil

Mauro Vieira disse ainda que o fato de o embaixador Frederico Meyer ter sido retirado da representação brasileira em Tel Aviv não significa o rompimento das relações do Brasil com Israel. Vieira disse que a embaixada continua aberta, sob o comando do encarregado de negócios, Fábio Farias. “O embaixador já deixou a embaixada, mas isso não quer dizer que rompemos as relações com Israel. Retirar o embaixador é muito aquém de um rompimento”.

Chinaglia criticou o governo de Israel por desrespeitar o embaixador brasileiro Frederico Meier. O deputado disse que era necessário defender a dignidade e soberania do Brasil, ao trazer o embaixador de volta para deixar claro o descontentamento do país.

Conflito Rússia-Ucrânia

Sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, Mauro Vieira destacou a clara posição do Brasil em condenar a invasão russa e defender a integridade territorial da Ucrânia. Ele reforçou o apelo do presidente Lula para que as partes envolvidas dialoguem. “A posição do Brasil é clara: temos contato com ambos os lados e defendemos um diálogo permanente”, explicou.

Em colaboração com a China, o Brasil lançou um documento propondo princípios básicos para o diálogo, que já conta com a adesão de cerca de 40 países. “Essa é uma contribuição importante e reflete a posição do presidente Lula de promover o diálogo e a paz”, destacou o ministro.

Assista a íntegra da audiência pública:

Lorena Vale

 

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