Consolidado o golpe que tirou a presidenta Dilma Rousseff do poder, o governo golpista de Michel Temer se apressa para a entrega do patrimônio nacional às multinacionais. O desabafo é do vice-líder da Minoria na Câmara, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), se referindo à informação de que o presidente da Petrobras, Pedro Parente, vai anunciar ainda este mês a venda de cerca de 90% da participação da estatal na rede de gasoduto Nova Transportadora do Sudeste (NTS) para um consórcio liderado pela canadense Brookfield. A NTS é a maior e mais lucrativa malha de gás da Petrobras.
“Os golpistas estão desmontando a maior e mais simbólica empresa estatal do País. Eles estão privatizando e entregando a Petrobras aos pedaços para as empresas estrangeiras. Foi assim com um dos mais promissores campos do pré-sal – o de Carcará, na bacia de Santos – que foi entregue para a empresa norueguesa Statolil a preço de banana, por U$ 2,5 bilhões, quando na verdade estava avaliado em U$ 20 bilhões. Agora querem vender os nossos gasodutos”, criticou Zarattini, lembrando que o setor de energia é estratégico para a soberania nacional.
A sanha entreguista do patrimônio nacional, segundo Carlos Zarattini, não tem freio e “é um crime de lesa-pátria”. O vice-líder da Minoria alertou ainda que, tão ou mais grave do que vender os dutos ou o campo de Carcará, é a abertura do pré-sal. Se referindo ao projeto de lei 4567/16, do tucano José Serra, que retira da Petrobras o protagonismo na exploração e produção nas jazidas do pré-sal.
“O projeto entreguista do Serra tem o objetivo de tirar da Petrobras a condição de operadora única do pré-sal – reservas com estimativa de produzir 176 bilhões de barris de petróleo, e permitir que as multinacionais do petróleo assumam essa condição”, denunciou Zarattini. Ele disse ainda que a população precisa entender o que essa desnacionalização significa para o País. “É preciso muita mobilização para revertermos esse desmonte da Petrobras”, defendeu.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade coordenada por José Maria Rangel, já está mobilizada denunciando e protestando contra a entrega da Petrobras. Em nota divulgada em seu site, a federação alerta sobre os riscos da venda do gasoduto NTS. “Corremos o risco do transporte desse produto estratégico ser monopolizado por uma multinacional. Não só a Petrobras, como qualquer outra empresa que produzir petróleo no País será obrigada a pagar o preço que a Brookfield e seus parceiros exigirem, pois não existem outros gasodutos na região Sudeste”, reforçou a FUP.
Na nota a federação alerta ainda que o presidente da estatal, Pedro Parente, já anunciou também a intenção de privatizar a Transpetro e as refinarias. “Estamos, portanto, diante da liquidação do maior patrimônio nacional e podemos perder muito mais ainda se a Câmara dos Deputados aprovar o PL4567/16 que tira da Petrobras a operação do pré-sal. O desmonte da Petrobras será o desmonte do País”.
Os petroleiros ressaltam que têm travado imensas batalhas para impedir que esse crime se consolide. “Essa, no entanto, é uma luta que não venceremos sozinhos. Ou a sociedade se levanta contra a entrega da Petrobras e do pré-sal, ou o Brasil perderá de vez o seu futuro”, conclamou.
Veja a seguir a nota da Federação Única dos Petroleiros
Privatização da TAG/NTS: perde o país, perde a indústria nacional, perde o consumidor!
Como já vem sendo noticiado pela imprensa, o Conselho de Administração da Petrobras deve aprovar ainda este mês a venda de 90% da sua maior e mais lucrativa malha de gás.
A Nova Transportadora do Sudeste (NTS), subsidiária responsável pelo escoamento de 70% do gás natural do País, está na iminência de ser entregue a um grupo de investidores estrangeiros, liderados pela canadense Brookfield Asset Management.
Corremos, portanto, o risco do transporte desse produto estratégico ser monopolizado por uma multinacional.
Não só a Petrobrás, como qualquer outra empresa que produzir petróleo no país será obrigada a pagar o preço que a Brookfield e seus parceiros exigirem, pois não existem outros gasodutos na região Sudeste.
Isso ganha contornos ainda mais graves, se levarmos em conta o crescimento da produção de gás natural, com a exploração do Pré-Sal, cujas jazidas estão justamente no Sudeste.
Assim como aconteceu nas privatizações das distribuidoras do Sistema Elétrico, vai sobrar para a população pagar essa conta.
Além do consumo doméstico, o gás natural é utilizado pela indústria e cada vez mais presente na matriz energética, através das termelétricas.
Perde o país, perde a indústria nacional e perde o consumidor.
Além disso, a venda da NTS desarticula a Petrobras como uma empresa integrada de energia, processo que se consolidou em dezembro de 2006, com a implantação da Transportadora Associada de Gás (TAG), subsidiária criada para unificar o transporte de gás natural em todo o país.
No início de 2015, a empresa foi dividida em duas: a Nova Transportadora do Sudeste e a Nova Transportadora do Nordeste (NTN).
Os petroleiros chegaram a alertar que o objetivo dos gestores era a privatização.
Entregar a um grupo de investidores estrangeiros a maior malha de gás do país é crime de lesa-pátria.
O povo brasileiro está perdendo soberania e perspectivas de um futuro melhor diante da privatização das principais empresas do Sistema Petrobras.
Fizeram isso com a Gaspetro e caminham para fazer o mesmo com a BR Distribuidora, a Liquigás e toda a malha de gás.
No rastro, virão outros ativos estratégicos, como já aconteceu com Carcará.
Pedro Parente anunciou, inclusive, a intenção de privatizar também a Transpetro e as refinarias.
Podemos perder muito mais ainda se a Câmara dos Deputados Federais aprovar o projeto que tira da Petrobras a operação do Pré-Sal.
Estamos, portanto, diante da liquidação do maior patrimônio nacional.
O desmonte da Petrobras será o desmonte do país.
Os petroleiros têm travado imensas batalhas para impedir que esse crime se consolide.
Essa, no entanto, é uma luta que não venceremos sozinhos.
Ou a sociedade se levanta contra a entrega da Petrobras e do Pré-Sal, ou o Brasil perderá de vez o seu futuro.
Federação Única dos Petroleiros
Vânia Rodrigues, com site da Federação Única dos Petroleiros
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