Deputados da Bancada do PT se revezaram na tribuna nesta terça-feira (27) para repudiar os atos violentos que vêm ocorrendo em algumas cidades dos estados do Sul do País, durante a passagem da caravana Lula. “Não podemos aceitar essa violência, com motivação fascista. Como cidadão e parlamentar, quero repudiar veementemente esses atos violentos, que acredito que não representam o pensamento da maioria da população desses estados”, afirmou o deputado Leonardo Monteiro (PT-MG).
Leonardo Monteiro destacou as agressões praticadas em Cruz Alta (RS) contra quatro mulheres e citou a ação de ruralistas em Bagé (RS), que colocaram “suas milícias e tratores para impedir o acesso da comitiva do ex-presidente ao campus da Universidade, criada em seu governo. Lamentou ainda a atitude de “fascistas, com camisetas do pré-candidato Jair Bolsonaro”, que cercaram o hotel no qual Lula estava hospedado e gritavam slogans preconceituosos contra negros e nordestinos, em Chapecó (SC).
O deputado reforçou que o direito à livre manifestação é uma garantia constitucional e, “se o objetivo dessa violência é nos fazer calar, não vão conseguir. A prática e a disseminação do ódio são incompatíveis com a democracia. Não vão nos intimidar”, avisou.
Da tribuna, o deputado Leo de Brito (PT-AC) também repudiou as agressões à caravana Lula pelo Sul. “Nessa caravana estavam presentes dois ex-presidentes e vários parlamentares do Partido dos Trabalhadores, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, e o nosso líder, deputado Paulo Pimenta. Nós tivemos situações lamentáveis como a do dirigente Paulo Frateschi, que teve a sua orelha macerada, de agressões que foram feitas às pessoas, de pessoas que estavam armadas, que estavam com pedras e com chicotes”, relatou.
Leo de Brito disse ainda que estranhou o fato de a Mesa Diretora da Casa não ter feito nenhuma manifestação em relação a essa “situação de repúdio”, mesmo havendo na caravana a presença de parlamentares. “Aliás, deve haver uma manifestação de todos os partidos, uma vez que estava em jogo o Estado Democrático de Direito. A liberdade de expressão, a possibilidade de as pessoas se manifestarem está dada em nosso País, mas não pode acontecer da forma como aconteceu nessa caravana do presidente Lula, que, aliás, foi um sucesso”.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) também, em plenário, repudiou os episódios e defendeu uma manifestação por parte da Câmara. Ela relembrou que a Caravana Lula pelo Brasil já percorreu os estados Nordeste, Minas Gerais, Rio de Janeiro e o Espírito Santo, sem registrar qualquer ato de violência. “Estamos de fato vivendo um Estado de Exceção. O que aconteceu durante esta caravana seria impossível acontecer se estivéssemos verdadeiramente num Estado democrático e fosse respeitada a liberdade de cada um. O que aconteceu merece, sim, uma manifestação desta Casa, não em defesa da caravana. A caravana não precisa, milhares de pessoas lá estavam apoiando o Lula. Mas que se manifeste em relação aos facínoras que a acompanharam com pedras e com bomba atingindo o ônibus de Lula. Pessoas foram hospitalizadas. E isso fica desta forma? Ninguém toma uma providência?”, questionou.
O deputado Padre João (PT-MG) destacou que as divergências de opiniões não devem se traduzir em hostilidades, porque “a intolerância vai trafegando e contaminando as redes sociais, desde a relação familiar à Suprema Corte, que deveria ser um exemplo de tolerância, de compreensão, de respeito e fazer valer a democracia”.
Padre João considerou uma “vergonha” um “escândalo”, os ataques à Caravana de Lula pelo Brasil. “Deixo aqui a minha indignação e o meu protesto ao comportamento de uma minoria do Sul do País, uma minoria que não tolera mais a democracia”.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) também usou a tribuna para criticar os ataques à Caravana. “Eu tenho noção de que as forças fascistas estavam contidas pelo poder da democracia. Quando há uma ruptura democrática, elas surgem num profundo ódio. E é isso que nós estamos vivenciando: uma série de expressões fascistas”. E citou o assassinato da defensora de direitos humanos e vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e as manifestações de “grupos raivosos”, que tentaram impedir a passagem da caravana de Lula por algumas cidades da região Sul.
E o deputado Jorge Solla (PT-BA) reforçou que atentar contra a vida das pessoas por causa da opinião delas é fascismo. “É fascismo o que aconteceu no Rio Grande do Sul contra o presidente Lula. É fascismo (…) Não podemos permitir que quem atirou uma pedra contra o presidente Lula fique impune. Isso é a barbárie, e isso não passará”, afirmou.
Vânia Rodrigues
Foto: Ricardo Stuckert