Deputados repudiam violações a direitos e cobram justiça para Marielle

O Dia Internacional do Direito à Verdade, sobre Graves Violações aos Direitos Humanos e da Dignidade das vítimas foi lembrando em sessão solene na Câmara nesta quinta-feira (22). Os 434 desaparecidos durante o regime militar e a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), defensora dos direitos humanos, que foi assassinada semana passada juntamente com o motorista Anderson Gomes, foram lembrados no evento.

O líder em exercício da Bancada do PT, deputado Wadih Damous (PT-RJ), ressaltou que o Brasil é o país do apagamento de rastros e desconstrução da memória. “Quando criamos com muita luta as comissões da verdade, nós não tivemos apoio do Estado brasileiro”, afirmou Damous, lamentando que o Exército brasileiro tenha construindo um grande obstáculo à busca da verdade e à revelação do paradeiro dos desaparecidos políticos. “Nós vivemos em um Estado de exceção, podemos até recuperar a democracia do País, mas enquanto nós não tivermos a resposta sobre esses desaparecidos, nós não teremos uma democracia plena”, reforçou.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) lembrou que a história do Brasil tem duas características. A primeira marca é a extrema violência contra aqueles que lutam por direitos, a segunda é apagar essa história, não investigar e não punir os que praticam violência em nosso País. “Foi assim na ditadura”, enfatizou, antes de destacar que a mais recente violência praticada no atual Estado de exceção foi o assassinato da Marielle, defensora dos direitos humanos e que denunciava as violências que vinham sendo praticadas nas favelas do Rio de Janeiro.

“Marielle apontava que a intervenção militar sinalizou a violência, e que ela se localizava em diversos batalhões do RJ. Esse assassinato tem relações com essas forças que praticavam essas violências. Esse assassinato foi praticado de forma pensada e hierarquizada. Marielle foi vítima desse liame da história do Brasil que não se modifica”, lamentou Paulo Teixeira.

Ele citou que já tentou aprovar na Câmara projeto de sua autoria que acaba com chamados “autos de resistência”, que na prática permitem a policiais matar, de maneira impune, jovens negros, pobres e de periferia. Pela proposta, todos os crimes praticados por agentes públicos devem ser investigados.

Foto: Lula Marques

 Justiça – Emocionada, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que a morte de Marielle não será esquecida. “Ela não morreu em vão, o sangue derramado pela justiça e pelos direitos humanos não será apagado. A menina que cresceu na favela e que não se dobrou às tragédias de todos os dias não sabia que a sua partida seria tão breve e trágica. Marielle você vive, sua luta não acabou”.

Foto: Lula Marques

A deputada Luizianne Lins (PT-CE) lembrou que também foi ameaçada de morte várias vezes durante o seu mandato como vereadora em Fortaleça. “Hoje eu estou viva, mas infelizmente Marielle não teve a mesma sorte. Ela era uma mulher valente, guerreira, negra, lutadora. Eles não suportavam ver uma cria da Maré desafiar a ordem e a Polícia Militar”, lamentou.

Na avaliação da deputada Erika Kokay (PT-DF), o extermínio de Marielle foi posto para que todos se acovardem. “Não vamos ceder à essa tentativa de calar o povo brasileiro na sua ânsia de fazer o luto pelos períodos traumáticos”, afirmou.

Foto: Lula Marques

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) também participou da sessão solene e, em nome da Bancada do PT no Senado, declarou que é dever de todos os brasileiros denunciar os crimes que acontecem com todas as pessoas que dedicam suas vidas em defesa dos direitos humanos. “ É nosso dever continuar a luta de tantas outras pessoas que foram assassinadas lutando por direitos. São exemplos como esses que nos impulsionam a seguir lutando em defesa de um mundo melhor e livre de qualquer opressão”, disse.

 Família – Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada, participou da sessão e lembrou que desde pequena ela e Marielle não conseguiam sair para a escola porque tinham corpos e tiroteios no meio do caminho. “Mas minha mãe nos incentivava e sempre falava que o nosso conhecimento ninguém tirava. A única maneira que eles tinham de calar a minha irmã era matando. Foi um crime covarde, e nós esperamos por justiça. Minha irmã é resistência e é luta!”

Mônica Tereza Benício, companheira de Marielle Franco, afirmou que a vereadora tinha urgência de vida e pulsava luta. “E isso está sendo demonstrado não só no Brasil, mas no mundo. A voz dela não pode ser calada com a morte do seu corpo”, defendeu.

 

PT na Câmara 

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