Os deputados Vicentinho (PT-SP) e Frei Anastácio (PT-PB) prestaram homanagem e desejaram melhoras a Dom Pedro Casaldáliga, Bispo emérito da Prelazia de São Félix, na sessão virtual da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (4). O bispo, que apresenta quadro estável, está internado em um Hospital de São Félix do Araguaia em Mato Grosso, devido a um quadro de insuficiência respiratória agravados pelo Mal de Parkinson e pela idade de 92 anos.
O deputado Vicentinho deseja que Dom Pedro se recupere o mais rápido possível. “Desejamos a sua mais breve recuperação. Esse homem de Deus, corajoso, ao lado dos fracos, sofreu ameaças de morte por defender a dignidade humana e enfrentar os poderosos. Eu agradeço profundamente a existência de D. Pedro em nossa vida”.
O parlamentar recordou que o Bispo defendia o socialismo como uma virtude cardeal e acusava o capitalismo de ser um pecado capital. “D. Pedro foi daqueles que disse: O capitalismo é um pecado capital. O socialismo pode ser uma virtude cardeal: somos irmãos e irmãs, a terra é para todos e, como repetia Jesus de Nazaré, não se pode servir a dois senhores, e o outro senhor é precisamente o capital. Quando o capital é neoliberal, de lucro onímodo, de mercado total, de exclusão de imensas maiorias, então o pecado capital é abertamente mortal”.
O deputado Frei Anastácio lamentou o estado de saúde de Casaldáliga e recordou de sua luta pelos Indígenas e Ribeirinhos. “Dom Pedro foi um Bispo do Mato Grosso, que deu a vida pelos posseiros, deu a vida pelos índios, pelos ribeirinhos. Ele está um tanto fragilizado. Hoje mesmo está sendo levado para São Paulo para cuidar melhor da sua saúde. A nossa solidariedade aos religiosos da congregação de São Pedro, à Igreja, porque só quem conheceu Dom Pedro sabe o que ele sofreu, o compromisso que ele teve em Mato Grosso e na Igreja do Brasil”.
Parte da imprensa brasileira chegou a noticiar, erroneamente, que Dom Pedro Casaldáliga teria falecido na manhã desta terça-feira (4).
Trajetória
O espanhol Dom Pedro Casaldáliga chegou ao Brasil em 1968, durante a Ditadura Militar. Se tornou Bispo em 1971, quando lançou a Carta Pastoral por Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social. Ele ficou conhecido por defender os direitos humanos, os indígenas, a reforma agrária e os mais pobres.
O Bispo é um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) que atua na defesa dos indígenas, comunidades tradicionais e trabalhadores do campo. Além de poeta e autor de várias obras sobre antropologia, sociologia e ecologia.
Adepto da teologia da libertação, adotou como lema nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar. Ao lado de Dom Hélder Câmara e Dom José Maria Pires, lutou contra o racismo e em favor dos negros, concelebrou a famosa Missa dos Quilombos. Dom Pedro sofreu vários tipos de perseguição e foi ameaçado de morte.
“Ele é um dos homens verdadeiramente homem de Deus: corajoso, luta contra as injustiças. Portanto, a minha mais profunda solidariedade, o meu maior carinho a esse homem que dentro da Igreja teve coragem. Ah, como nós precisamos de homens e de mulheres assim para continuarmos a nossa jornada em defesa da dignidade humana. Muito obrigado”, finalizou Vicentinho.
Lorena Vale