Deputados criticam governo pelo uso de força para resolver crise do combustível

O anúncio do presidente ilegítimo Michel Temer de acionar as forças federais de segurança para desbloquear estradas é o atestado de falência de um governo que naufragou no diálogo e na negociação. Em pronunciamento nesta sexta-feira (25), Temer disse que sua decisão faz parte de “um plano de segurança para superar os graves efeitos do desabastecimento causados por essa paralisação”. Para um governo que chegou ao poder pela via antidemocrática do golpe, nada mais conveniente que usar a força militar para resolver crises.

“Governo que não tem legitimidade do voto popular e não sabe dialogar com o povo, sempre recorre à força. Para o combustível diminuir, temos que voltar a refinar o petróleo em nosso País”, defendeu o deputado Décio Lula Lima (PT-SC). Vale lembrar que a crise sem precedentes no aumento dos combustíveis se deve à política de preços implementada pelo atual governo, que nos últimos anos reduziu enormemente a capacidade de refino de óleo bruto da Petrobras e aumentou em proporções ainda maiores a importação de derivados de petróleo.

O deputado Lula Bohn Gass (PT-RS) demonstrou sua estranheza com a decisão do governo ilegítimo de lançar mão da força para desobstruir as estadas do País. “Ainda ontem à noite, o ministro Eliseu Padilha [Casa Civil] anunciava a ‘vitória’ do governo e comemorava o acordo com os caminhoneiros. Hoje, o desgoverno Temer manda as Forças Armadas desbloquearem as estradas fechadas por caminhoneiros”, afirmou.

A crise dos combustíveis revela o estrago da política de preços vigente a partir da orientação do tucano Pedro Parente à frente da Presidência da Petrobras. Trata-se de uma crise que não se resolve com paliativos, como reduzir tributos para diminuir centavos no litro de combustível na bomba. Somente uma mudança na política de preços resolveria a questão. Isso porque o governo, ao reduzir a capacidade de refino do País, privilegiou petrolíferas internacionais e jogou o preço dos combustíveis nas mãos do mercado.

É o que reforça o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), ao dizer que a crise é de responsabilidade exclusiva do atual governo com sua política na Petrobras. “Reduziu o refino praticamente em 30%, o que estimulou a importação de derivados”, alertou. O parlamentar criticou o fato de Temer haver abandonado o papel estratégica da Petrobras no mercado de combustíveis, bem como seu método de tentar resolver a atual crise por meio da força.

“Ele está buscando uma solução da pior maneira. Quer resolver um problema por meio da repressão, mas ele só será agravado. É uma questão de tempo. Dizer que só vai aumentar o diesel a cada 30 dias não adianta, porque o combustível continuará caro. Os combustíveis, em um País do nosso porte, estão no centro da economia. E descuidar disso para ganhar dinheiro é próprio dos liberais”, detalhou.

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