Em discurso na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (30), o vice-líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Wadih Damous (PT-RJ) alertou para a gravidade de denúncia veiculada na coluna da jornalista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo. A matéria revela “negociações” paralelas entre integrantes da força-tarefa da Lava Jato com o doleiro e advogado Rodrigo Tacla Duran, que é investigado na operação comandada por Sérgio Moro.
Segundo o deputado, a colunista descreve que Tacla Duran procurou o advogado trabalhista Carlos Zucolotto, em Curitiba. Em diálogo gravado pelo doleiro com Carlos Zucolotto, este diz que “não pode aparecer e que seus honorários têm que ser pagos por fora, porque ele tem acertos a fazer com as pessoas que cuidam da Operação Lava-Jato”, destacou o deputado. Zucolloto é amigo e padrinho de casamento do juiz Sergio Moro.
“Isso é de suma gravidade. E mais, extrai-se da matéria que o senhor Carlos Zucolotto, à época dos fatos narrados, era sócio da dra. Rosângela Moro, o sobrenome já diz que essa senhora vem a ser esposa do juiz Sérgio Moro, condutor da Lava Jato”, revelou o deputado.
Tão grave quanto esse fato, destacou Damous, é o fato de a matéria revelar também que Carlos Zucolotto era advogado em uma ação que está em curso no Superior Tribunal de Justiça, em grau de recurso especial, do procurador Carlos Fernando dos Santos Lima. Segundo o petista, esse procurador é um dos coordenadores da Operação Lava Jato. “Isso é gravíssimo! ”, alegou.
De acordo com Wadih Damous, o próprio procurador Carlos Fernando dos Santos Lima já declarou, em ocasião passada, que a delação, de fato, é um mercado em que se investe. “Então, fico me perguntando se se investe em busca da verdade, se se investe de fato em busca do combate à corrupção. Eu começo a acreditar que não, mas esses fatos não podem ficar sem esclarecimento”, argumentou.
Destacou ainda o deputado trecho expresso dito por Carlos Zucolloto: “Não quero aparecer e quero receber por fora, porque eu tenho de acertar essa negociação lá no interior da Operação Lava Jato”.
Ainda estupefato com o conteúdo das denúncias estampadas no jornal, o deputado Wadih Damous extrai da matéria da Folha a frase do delator Tacla Durán, que sustenta a afirmação de Zucolloto. “Carlos Zucolotto então iniciou uma negociação paralela, entrando por um caminho que jamais imaginei que seguiria e que não apenas colocou o Juiz Sergio Moro na incômoda situação de ficar impedido de julgar e deliberar sobre o meu caso, como também expôs os procuradores da força-tarefa de Curitiba”, diz Tacla Durán, que ainda afirma ter documentos que comprovariam as “negociações”.
Para Wadih Damous, o Congresso Nacional, particularmente a Câmara dos Deputados, não pode ficar alheio a essa denúncia. “Isso tem que ser investigado. Por muito menos Sergio Moro botou atrás das grades, prendeu preventivamente centenas de pessoas. Se fosse usado o mesmo critério para Moro, hoje quem estaria atrás das grades seria ele e os procuradores”, concluiu Damous.
Benildes Rodrigues