Dois fatos políticos importantes movimentaram o tabuleiro da política brasileira nesta quinta-feira (18). A prisão de Fabrício Queiroz, miliciano e amigo da família Bolsonaro, e a saída de Abraham Weintraub do Ministério da Educação (MEC). Com as frases “já vai tarde”, “tchau, querido” e “pior ministro da Educação”, a Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados comemorou o fim da era ‘olavista’ (Olavo de Carvalho) – representada por Weintraub – à frente do MEC.
Weintraub carrega em sua trajetória fatos não recomendáveis ao sistema democrático. Neste período à frente do MEC, o ex-ministro envergonhou a pasta e o País ao atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo. Em vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, amplamente divulgado pela imprensa, Weintraub chamou os ministros do STF de “vagabundos” e sugeriu colocá-los na cadeia.
Em manifestação pelas redes sociais, o líder da Bancada do PT, deputado Enio Verri (PT-PR) lembrou da mesquinhez e do desprezo que o ex-ministro Bolsonarista nutre pelo Brasil. “O mesquinho Weintraub revela seu desprezo pelo Brasil e o medo que tem de vê-lo desenvolvido, plural e democrático. Antes de exonerado, ele extinguiu cotas para negros e indígenas na pós-graduação. Weintraub caiu. Agora, falta Bolsonaro”, ironizou.
Em sua conta no Twitter, a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) escreveu: “O pior Ministro da Educação do Brasil caiu depois de cumprir a linha bolsonarista de promover o discurso do ódio e disseminar fake news, desmontando o ensino público. Vai tarde! Mas lembremos de que Bolsonaro tem um projeto ideológico. A meta é fora, Bolsonaro, fora todo esse governo”, frisou Gleisi.
O coordenador do Núcleo de Educação da bancada petista, deputado Waldenor Pereira (PT-BA) comemorou a notícia alvissareira para a educação brasileira. “Weintraub caiu. Já vai tarde o pior ministro da história. Mas a educação nas mãos de Bolsonaro continua em grande risco. Continuamos na luta e vigilantes”, destacou.
A deputada Margarida Salomão (PT-MG) afirmou que Weintraub deixa o MEC como o pior ministro da Educação da História do Brasil. “Infelizmente, escolheu como seu epitáfio, uma declaração racista e elitista com a portaria que revoga as políticas públicas para a inclusão, na pós-graduação, de negros, indígenas e pessoas com deficiência. Vai tarde, Weintraub! A educação brasileira fica bem melhor sem você”, avaliou.
O deputado Pedro Uczai (PT-RS) questionou sobre que herança o ministro vai deixar nesses 14 meses que ele esteve no cargo de ministro da Educação. “Qual seu legado: perseguição aos professores e às escolas públicas; tentou colocar interventores nas universidades e institutos federais; e pregava o autoritarismo e o fascismo. É um completo desqualificado. Não deixa saudade!”.
O líder da Minoria no Congresso Nacional, deputado Carlos Zarattini (PT-SP) classificou o acontecimento como “grande dia”. Que dia excelente! Prisão do Queiroz e agora saída do Weintraub da Educação. Esse foi o pior ministro da história! Agora, só falta o Bolsonaro e seu clã”.
Zarattini disse ainda que a saída de Weintraub demonstra a complexidade das investigações que avançam no STF. “Esse presidente maluco está tirando o ministro porque sabe da gravidade das acusações”, afirmou.
O ex-ministro da Saúde do governo da presidenta Dilma, deputado Alexandre Padilha (PT-SP) também descreveu Weintraub como um dos piores ministros da história. “Um agente contra o sentido democrático da educação. Ele foi tudo aquilo que um ministro não deveria ter sido. Sua queda é uma vitória, mas precisamos nos ater às consequências de seus atos na pasta”, alertou.
A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) disse que nos 14 meses à frente do MEC, Weintraub “não perdeu a oportunidade de prejudicar os negros, indígenas e deficientes. Vamos à luta!”.
Para o deputado Henrique Fontana (PT-RS), o ministro “já vai tarde”. “Bolsonaro submeteu o Brasil há meses de desestruturação da política de educação, mantendo uma pessoa incapaz como ele no comando do MEC”. E continuou: “Enquanto Bolsonaro continuar na Presidência, não adianta trocar os ministros”, observou.
Na opinião da deputada Erika Kokay (PT-DF), o ex-ministro da Educação não se demitiu pela malignidade que causou à educação. Segundo ela, os desastres provocados pela pasta reverberam a ignorância, que é o projeto do governo Bolsonaro para a área. “Weintraub caiu porque expôs de forma crua a delinquência do bolsonarismo. Devia acabar preso, mas parece que será agraciado com um cargo no Banco Mundial”, criticou.
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) ironizou: “Weintraub, com seu primarismo militante, deve estar se se sentindo homenageado: ser demitido no mesmo dia da prisão do Queiroz! Viva!”
Cortina de fumaça
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) acredita que o pedido de demissão de Weintraub nada mais é que cortina de fumaça para esconder a gravidade que representa a prisão de Fabrício Queiroz.
“Na minha leitura a demissão, hoje, do ministro da Educação tem como objetivo desviar a centralidade da mídia da prisão do Queiroz. É tática antiga e manjada. Criar um fato novo para dividir as manchetes e a atenção dos noticiários vespertinos e da noite, os de maior audiência”, criticou.
Os deputados Afonso Florence (PT-BA) e Reginaldo Lopes (PT-MG) compartilham a mesma opinião.
“Weintraub, o pior ministro da educação, acaba de prestar grande serviço ao País, foi demitido! Pra família Bolsonaro, Weintraub é bucha de canhão, sua utilidade é, com a demissão, tentar desviar atenção da prisão de Queiroz. Não vai conseguir!”, assegurou Florence.
Reginaldo Lopes escreveu em seu Twitter: “O governo fake news quer desviar a atenção da imprensa sobre o Queiroz e tentar pautar o debate público. Weintraub vai tarde, nem deveria ter entrado. O cargo, que foi de Gustavo Capanema e Fernando Haddad, seguirá sendo escolhido pelo pior nome possível para isso: Jair Bolsonaro”.
Já os parlamentares Rogério Correia (PT-MG) e Maria do Rosário (PT-RS) defendem a prisão de Weintraub pelos danos que causou ao setor educacional brasileiro.
“Falei ontem que ele estava fazendo hora extra. Por crime contra a democracia, por racismo e por desserviço à educação devia ir para Bangú junto a Queiroz”, defendeu Rogério Correia.
“Já vai tarde, pior ministro da educação que o Brasil já teve. Sai se dizendo perseguido? Perseguição, você cometeu contra os negros e negras, na portaria, hoje. E contra universidades, IFS e escolas públicas. E entregue o passaporte! Responda por seus atos”, disse Rosário.
Benildes Rodrigues