Desde o estouro da crise econômica mundial em 2008, com a falência do banco Lehman Brothers, nos Estados Unidos, a maioria absoluta das grandes economias do planeta enfrenta um ciclo de recessão, baixo crescimento, endividamento e seguidos déficits orçamentários. O Brasil não é exceção e tem sofrido os efeitos da crise, sobretudo a partir de 2014, mas ainda possui uma das situações fiscais mais equilibradas entre os 20 países mais ricos do mundo [confira a lista abaixo].
Considerando o déficit no orçamento – em relação ao PIB – dos 20 países com maior PIB (Produto Interno Bruto) e mais Argentina, Colômbia e Chile, o Brasil tem o 4º menor déficit entre os 23 países. Deste grupo, apenas a Alemanha obteve um superávit no orçamento em 2014, bastante modesto, equivalente a 0,7% do PIB. Contudo, nem mesmo a maior economia europeia não ficou de fora dessa tendência e apresentou déficit orçamentário durante quatro anos seguidos: em 2008 o déficit da Alemanha foi de 0,1% do PIB; em 2009, de 3,1%; em 2010 chegou a 4,1% e em 2011 foi de 0,9%.
Ao contrário do que faz sistematicamente a grande mídia brasileira – que enfoca a crise econômica como se fosse um problema exclusivo do Brasil e causado por incompetência do governo federal – na cobertura econômica diária, um olhar amplo e global sobre os indicadores demonstra facilmente que o País não está à beira do precipício, como querem fazer crer os porta-vozes da oposição de direita no Congresso e na imprensa.
“Superávits orçamentários não têm sido regra no mundo desde a crise de 2008, muito ao contrário. A crise inaugurou um ciclo que se perpetua até hoje. Dentro do contexto internacional, entretanto, temos uma situação equilibrada e por isso saudamos a capacidade do governo e da sociedade brasileira de administrar esse período de crise com esse desempenho fiscal, inclusive com previsão de superávit de 0,5% para o orçamento de 2016”, destaca o deputado Afonso Florence (PT-BA).
“Esse desempenho tem permitido a continuidade das obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] e das políticas públicas que garantem a inclusão social através da transferência de renda, da valorização do salário-mínimo e de manutenção dos empregos”, acrescenta Florence.
O parlamentar lembra ainda que o rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de avaliação – que estiveram diretamente envolvidas na eclosão da crise em 2008 – se deu mais por questões políticas do que pela situação econômica do País. “A própria Fitch apontou isso, que o rebaixamento do Brasil se deveu à crise política criada pela oposição golpista e à agenda de ‘pautas-bombas’ no Congresso liderada por Eduardo Cunha. Todos os elementos do cenário político apontam agora para a superação da crise política e temos bons indicadores de reindustrialização, estabilização do câmbio, recuperação da balança comercial, entre outros, que vão nos levar a uma conjuntura econômica mais positiva neste ano”, argumenta Florence.
Confira a lista com os dados sobre déficit orçamentário dos países do G20 (mais Argentina, Chile e Colômbia) em relação ao PIB:
DÉFICIT ORÇAMENTÁRIO | % PIB | Ano |
Japão | 7,7 | 2014 |
Espanha | 5,8 | 2014 |
Reino Unido | 5,7 | 2014 |
Índia | 4,5 | 2014 |
França | 4,0 | 2014 |
México | 4,0 | 2014 |
África do Sul | 3,8 | 2014 |
Austrália | 3,1 | 2014 |
Itália | 3,0 | 2014 |
Indonésia | 2,8 | 2015 |
Argentina | 2,5 | 2014 |
Estados Unidos | 2,5 | 2015 |
Colômbia | 2,4 | 2014 |
Holanda | 2,3 | 2014 |
Arábia Saudita | 2,3 | 2014 |
China | 2,1 | 2014 |
Coreia do Sul | 1,8 | 2014 |
Chile | 1,6 | 2014 |
Turquia | 1,3 | 2014 |
Brasil* | 0,9 | 2015 |
Rússia | 0,5 | 2014 |
Canadá | 0,3 | 2014 |
Suíça | 0,1 | 2014 |
*Banco Central – 29/12/2015 |
Fonte: http://www.tradingeconomics.com
Rogério Tomaz Jr.
Contudo, nem mesmo a maior economia europeia não ficou de fora dessa tendência e apresentou déficit orçamentário durante quatro anos seguidos: em 2008 o déficit da Alemanha foi de 0,1% do PIB; em 2009, de 3,1%; em 2010 chegou a 4,1% e em 2011 foi de 0,9%.