O mesmo Estado de exceção – que se instaurou no Brasil a partir do golpe jurídico, midiático e parlamentar de 2016 – também aguçou a força de resistência dos movimentos que lutam para reestabelecer a democracia. Esse desejo libertário foi o que motivou dezenas de pessoas que foram prestar solidariedade e apoio ao ex-ministro Chefe da Casa Civil José Dirceu, nesta sexta-feira (18), em frente à Superintendência da Policia Federal, em Brasília.
Dirceu é mais um alvo da perseguição político-jurídica implacável, que condena a partir de provas forjadas ou até mesmo sem a existência delas, unicamente para aniquilar adversários políticos a partir de uma estratégia conhecida em todo mundo como “lawfare”. Ou seja, quando a lei é deturpada e usada como arma de guerra para perseguir e punir.
Vítima desse processo, Dirceu teve prisão decretada pelo juiz de Curitiba, Sérgio Moro, na noite de ontem e terá de cumprir uma pena de 30 anos e nove meses. “Quem vivenciou a ditadura militar como vivenciamos, na resistência sabe que nenhuma injustiça dura para sempre”, ressaltou a presidenta do PT-DF, deputada Erika Lula Kokay, que participou do ato em solidariedade ao ex-ministro.
“Por isso, Dirceu e Lula, que são mártires do povo brasileiro, sabem que o povo vencerá essa luta, fazendo com que se desmonte essa farsa que Sérgio Moro implementou no País, servindo a interesses poderosos, não só de setores da elite brasileira, mas da elite estadunidense”, completou.
Para Erika, quando os algozes da democracia buscam prender injustamente petistas, sem provas e sem crime, “querem e tentam encarcerar a possibilidade de um Brasil que dialoga com o seu povo”. Com isso, segundo a deputada, mostram que o Brasil vive uma ruptura democrática das mais profundas. “Fazem isso para impedir que o Brasil possa voltar a ser um país onde o povo brasileiro se sinta contemplado, ou seja, que o Brasil possa ser devolvido ao povo brasileiro”.
“As ideias são imunes às grades, e o povo brasileiro e a Pátria serão livres. Dirceu e Lula são heróis dessa jornada para que o Brasil possa de novo ter dignidade”, frisou Erika Kokay.
Condenação – Em declaração feita ao jornal O Estado de São Paulo, na noite de ontem, o líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que a pena imposta ao ex-ministro Zé Dirceu “revela a carga ideológica e o preconceito que se expressa pelo tempo que Zé Dirceu foi condenado, mais de 30 anos”.
O líder do PT lembrou ainda que pena desse tipo não é aplicada no Brasil “sequer para condenar alguém que cometeu assassinato”. “A pena revela um ódio implícito, revela preconceito e se utiliza de uma sentença judicial para fazer uma luta ideológica na sociedade”, lamentou Paulo Pimenta.
Solidariedade – Em nota, a Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores manifestou solidariedade ao ex-ministro Zé Dirceu. “Nós do Partido dos Trabalhadores estamos solidários ao companheiro José Dirceu e a sua família, pela condenação arbitrária e a prisão injusta que ele está sofrendo. O povo brasileiro está cada vez mais consciente de que o sistema judicial vem sendo manipulado para perseguir os que sempre se colocaram a seu lado”, diz o texto.
Benildes Rodrigues