Parlamentares do PT e de outros partidos consideram que a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar a União Nacional dos Estudantes (UNE), na Câmara, é uma retaliação à atuação da entidade para denunciar e barrar o golpe contra a democracia atualmente em curso no Brasil.
Assim como o discurso dos golpistas em 1964, que chamaram de “revolução” o golpe militar, o ataque à UNE é outro fato que repete o mesmo cenário que jogou o Brasil numa ditadura por 21 anos. A resistência, entretanto, já está mobilizada nas ruas e nas redes para reverter o golpe dado por Michel Temer, Eduardo Cunha e os demais conspiradores.
Inicialmente prevista para ser instalada nesta quarta-feira (1º), a CPI – proposta pelo fundamentalista Marco Feliciano (PSC-SP) e repleta de pastores e ultrarreacionários – deverá iniciar os seus trabalhos na próxima quarta-feira (8). O PT contará com as deputadas Luizianne Lins (CE) e Maria do Rosário (RS) e o deputado Zeca Dirceu (PR) como integrantes titulares do colegiado. Érika Kokay (DF), Reginaldo Lopes (MG) e Luiz Sérgio (RJ) serão os petistas suplentes na comissão.
Mesmo com o adiamento da instalação da CPI, um tuitaço denunciando a ofensiva contra a UNE teve grande êxito. A hashtag #QueremCalarAUNE passou boa parte da tarde entre os tópicos mais comentados do Twitter tanto no Brasil quanto em âmbito mundial.
“Contra a criminalização dos movimentos sociais, contra a opressão que quer calar nossos estudantes. Querem calar os estudantes, as mulheres, os índios e todos e todas que lutam por um Brasil mais igualitário. Golpismo!”, registrou Erika Kokay em seu Twitter.
“#QueremCalarAUnE mas ninguém consegue diminuir a força da juventude. Ela sempre foi uma voz pela liberdade”, ressaltou Maria do Rosário, também no Twitter.
“CPI da UNE é tentativa de criminalização dos movimentos sociais”, postou Luizianne Lins.
“A UNE não sairá das ruas e continuará em sua defesa diária da democracia, estudantes e profissionais da educação!”, alertou a presidenta da entidade, Carina Vitral, via Twitter.
“Quem tenta intimidar estudantes são os velhos coronéis da política ou seus herdeiros juvenis e igualmente perversos. Todo meu apoio à UNE, essa importante entidade de representação estudantil do Brasil”, solidarizou-se o deputado Bohn Gass (PT-RS).
“Vamos levantar nossa voz contra mais essa arbitrariedade”, avisou o deputado Assis Carvalho (PT-PI).
“Mais uma vez tentam perseguir e criminalizar essa entidade estudantil e os movimentos sociais. Todo apoio aos estudantes da UNE”, disse o deputado Décio Lima (PT-SC) no Twitter e no Facebook.
“Fascistas #QueremCalarAUNE. Mas não passarão!”, afirmou o deputado Leo de Brito (PT-AC).
“A última vez em que aconteceu uma CPI da UNE foi em 1964”, lembrou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) em sua conta no microblog.
“A UNE sempre esteve do lado certo na história do Brasil. Merece respeito e solidariedade”, publicou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
Rogério Tomaz Jr.