Durante entrevista na Câmara, nesta terça-feira (29), o Líder do PT na Câmara, deputado Afonso Florence (BA), resumiu a postura do vice-presidente Michel Temer, cujo partido abandonou formalmente o governo comandado pela chapa eleita em 2010 e reeleita em 2014: “De constitucionalista a golpista: assim Michel Temer passará à história!”, sintetizou Florence.
Florence classificou de “mais um golpe em curso” o projeto de resolução (PRC 133/2016) que permite alteração da composição das comissões permanentes da Câmara, inclusive do Conselho de Ética, na qual o presidente da Câmara enfrenta processo que pede de cassação do seu mandato. “O projeto de resolução altera a correlação de forças nas comissões e fez isso num ambiente onde todos sabem que ele acatou o pedido de impeachment depois de uma chantagem nacional contra o governo”, apontou o petista.
O líder do PT comentou ainda a notícia de que estaria sendo construído um acordo que envolveria o vice-presidente da República e garantiria a salvação do mandato de Cunha. “A presidência da Câmara está nas mãos de um réu no Supremo, com robustas provas, que comanda um processo de impeachment contra uma presidenta sobre a qual não pesa qualquer acusação formal consistente que aponte que ela tenha cometido crime de responsabilidade. O debate do impeachmet é sobre edição de decretos orçamentários resolvidos por uma revisão da meta fiscal. Portanto, nós temos um golpe em curso no Brasil e dois grandes patrocinadores: Michel Temer e o seu maior aliado, Eduardo Cunha”, afirmou o parlamentar baiano.
Atualmente, 11 dos 21 integrantes do Conselho de Ética têm votado contra os interesses de Cunha. Destes, três trocaram de partidos e poderiam se ver forçados a sair do órgão, caso o projeto de resolução, já aprovado pela Mesa Diretora da Câmara, seja ratificado pelo plenário, onde Cunha possui maioria.
“Não há mais condições do deputado Eduardo Cunha continuar presidindo a Câmara. Ele se protege, protege os seus e ataca a presidenta Dilma”, concluiu Florence.
Rogério Tomaz Jr.
Foto: Salu Parente/PT na Câmara