Segundo o portal IG, ex-chefe do Gabinete de Segurança institucional de Bolsonaro deve ter o mesmo destino do também general e ex-ministro Braga Netto, preso no sábado (14) pela PF
O general Augusto Heleno, que ficou conhecido como ‘sombra’ do ex-presidente Jair Bolsonaro e por dizer que o presidente Lula, se vencesse as eleições, não subiria a rampa do Palácio do Planalto, está sendo considerado pela imprensa como nome “praticamente certo” na lista de alvos das futuras operações da Polícia Federal (PF).
“A prisão do ex-ministro Walter Braga Netto gerou preocupação, no Exército, com o futuro de outro general quatro estrelas, mais alta patente das Forças Armadas, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno”, diz trecho de matéria publicada nesta terça-feira (17) pelo jornal O Globo.
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“General Heleno pode ser o próximo a ser preso, avalia cúpula das Forças Armadas” é o título da matéria do portal IG de segunda-feira (16), que cita a coluna de Valdo Cruz, do G1, como uma das que apostam na prisão certa do general golpista, um dos principais conspiradores contra a democracia e as instituições brasileiras.
Mentiras sobre eleições
De acordo com o inquérito da PF, Heleno usou recursos do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para disseminar informações falsas de fraude eleitoral, com objetivo de criar caos institucional para justificar o golpe. Os investigadores apreenderam na casa do general documentos que traziam “argumentos relacionados a inconsistências e vulnerabilidades nas urnas eletrônicas, servindo de subsídio para a propagação de informações falsas sobre o sistema de votação, linha de atuação do grupo investigado”, diz o trecho do relatório da PF.
É de Augusto Heleno a fala de teor claramente golpista, em reunião ministerial em pleno Palácio do Planalto, em 5 de julho de 2022, três meses antes do presidente Lula vencer as eleições:
“O que tiver de ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver de dar soco na mesa é antes das eleições, se tiver de virar a mesa é antes das eleições. Depois das eleições será muito difícil que tenhamos uma nova perspectiva. Vai chegar num ponto que não poderemos mais falar, vamos ter que agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas”.
Em reunião com Bolsonaro em julho de 2022, o então ministro do GSI, general Augusto Heleno, conta em reunião no coração do Planalto sobre o uso de "infiltrados" da Abin durante a campanha eleitoral e da necessidade de ação golpista antes das eleições. pic.twitter.com/PgjKZKSQNh
— PT no Senado (@PTnoSenado) February 9, 2024
A matéria d’O Globo destacou que o “ataque às urnas e ‘virada de mesa’” pesam contra “mais um quatro estrelas ligado à trama golpista”, participante de “investida antidemocrática”. “Para evitar contaminar a tropa, a ideia é buscar um distanciamento cada vez maior dos militares que integraram o governo Bolsonaro da rotina dos quartéis”, apontou O Globo.
Caserna aposta em denúncia da PGR
Integrantes da caserna ouvidos pelo jornal consideram que, devido ao grau de exposição do general como um dos artífices da trama golpista, ele deve ser um dos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
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“Dada a relevância do posto de Heleno, uma eventual prisão preventiva e sua condenação são vistas internamente como medidas que poderiam afetar a imagem do Exército. Um oficial do alto escalão admite que prisões de militares são muito ruins para as tropas”, destacou O Globo em longa matéria que expõe as “frentes contra o ex-chefe do GSI” de Bolsonaro, como a definição das diretrizes para ataque às urnas, com planejamento e execução de ações para desacreditar o processo eleitoral.
“Foram encontradas na casa do general anotações contendo “diretrizes” sobre como “disseminar ataques ao sistema eleitoral”, publicou o jornal.
Além da defesa da “virada de mesa” antes das eleições de 2022, feita na reunião de julho do mesmo ano, Heleno expôs sobre a existência de um plano para infiltrar, em campanhas eleitorais, agentes da Abin, ligada ao GSI.
A investigação da PF aponta que Heleno promoveu a instrumentalização da Advocacia Geral da União (AGU). Em anotações atribuídas a Heleno encontradas pela PF, há sugestões para não cumprir decisões judiciais.
O Globo termina a lista citando que Heleno seria o comandante e Braga Netto o coordenador-geral do “Gabinete de Crise” a ser instalado após a execução do plano de assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF, Alexandre de Moraes.
As investigações sobre o funcionamento de uma estrutura paralela na Abin, para monitorar opositores de Bolsonaro, “pode complicar a situação de Heleno”, divulgou O Globo.
Em outras anotações encontradas pela PF, havia “diretrizes” sobre como “disseminar ataques ao sistema eleitoral”, ressaltou o jornal, que destacou a frase “é válido continuar a criticar a urna eletrônica” que a PF atribui a Heleno. “Havia no material localizado pela PF estratégias para não cumprir decisões judiciais. O documento defendia que o Ministério da Justiça poderia acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) para impedir a PF de executar mandados considerados “ilegais””, diz O Globo.
PTNacional