A cultura brasileira foi celebrada, homenageada em verso e prosa pela Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (13). Ao som da viola caipira dedilhada pelo músico Chico Nogueira, o Hino Nacional brasileiro ecoou em forma de grito de liberdade de uma Nação rica em diversidade e manifestação cultural.
“Esse é o momento em que podemos revigorar as nossas forças e determinação, respeitando a alegria, a criatividade, a diversidade e o acúmulo de conhecimentos e emoções que somente a cultura pode proporcionar ao povo brasileiro”, afirmou a presidenta da Comissão de Cultura, deputada Benedita da Silva (PT-RJ), em discurso de abertura da sessão solene por ela requerida.
A poesia contida nos versos de Geraldo Vandré (Para não Dizer Que Não Falei das Flores), Pixinguinha (Carinhoso), Índios (Renato Russo), Paulo Vanzolin (Cuitelinho), entre outros, além de emocionar a plateia, serviu de apelo para o momento crucial pelo qual passa o setor cultural do País.
“O momento em que vivemos nos remete aos regimes mais totalitários da história da humanidade, a um período de sombras, de censura e do cerceamento da liberdade de expressão”, alertou Benedita sobre as ações impostas pelo governo de Jair Bolsonaro ao setor no ano de 2019, principalmente com a extinção do Ministério da Cultura.
Segundo a deputada, áreas como a cultura, a ciência e a pesquisa “sofreram um ataque sem tréguas e romperam conquistas da civilização ocidental, como a democracia, a tolerância, o humanismo e o saber”.
Para Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura do governo da presidenta Dilma Rousseff, o Brasil passa por tempos instáveis, polarizados e preocupantes. “Nos dias atuais, por todas as partes especialmente no Brasil, vozes e grupos procuram atacar a ciência, a cultura, a arte e o regime democrático, buscando impor o medo e cercear a criatividade e a solidariedade humana”, reclamou Juca Ferreira.
Expressão Cultural
Em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, a deputada Erika kokay (PT-DF) disse que não é à toa que integrantes do atual governo ficam tão nervosos e se sentem ameaçados com as expressões culturais. “A expressão cultural faz da gente seres humanos. Muitas vezes quando não há qualquer tipo de luz, é através da cultura que a gente vai apontando o signo dos avanços, o avanço da própria humanidade. Todo ato de criação é um ato de libertação, é um ato de liberdade. Nós continuamos criando”, afirmou a parlamentar.
Em seu discurso, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) celebrou e homenageou os artistas que segundo ela, emprestaram as vozes, o talento da moda de viola para falar de amor e ao mesmo tempo defender direitos. “Ao entrar neste plenário vocês trouxeram o Brasil com seus ritmos, na sua forma de ser. Vocês não trouxeram as gravatas aqui, ainda que elas existam, e que bom! Mas vocês trouxeram o rosto, a indumentária, a viola e a forma de existência do povo trabalhador brasileiro do campo e da cidade, que tem todo o direito a uma Constituição que lhes garanta direitos. Nós não queremos que a Constituição seja rasgada, que as liberdades sejam impedidas e que o povo não tenha expressão”, destacou Rosário.
O deputado Airton Faleiro (PT-PA) disse que as músicas que contagiaram, os discursos e pronunciamentos revelam que está em jogo a tentativa do desmonte, não apenas do Ministério da Cultura, das instituições federais que apoiam a cultura. “O que está em jogo é uma tentativa de destruição da capacidade das nossas expressões culturais reagirem contra o desmonte do Brasil. Eu diria aos nossos artistas, que precisamos continuar cantando, dançando, expressando e contando ao povo brasileiro – através da cultura – que nós não vamos aceitar a destruição do Brasil”.
Assista a íntegra da sessão solene:
Benildes Rodrigues