Nessa semana, Jair Bolsonaro confiscou todo o dinheiro das universidades federais e institutos federais do Brasil. Foram bloqueados mais de R$ 2,4 bilhões do orçamento do Ministério da Educação. Esse corte traduz a redução dos recursos que são utilizados para a manutenção em atividades de ensino, pesquisa, extensão, contratação de materiais, alimentação, funcionários e prestação de serviços para a população.
Bolsonaro, mais uma vez, mostra o quanto é contra a educação, a ciência e a juventude. Nossos jovens, a cada dia que passa, estão perdendo a esperança de um bom futuro profissional. Esse corte afeta diretamente a assistência estudantil, instrumento que viabiliza a conclusão e a vida universitária daqueles que o Estado não garante as condições materiais e objetivas do sonho e do direito à universidade de qualidade.
Além de médico e deputado federal sou professor universitário e vejo esse drama sendo repetido rotineiramente por meus alunos. Muitos deles já desistiram do curso e outros estão quase desistindo por precisarem priorizar a alimentação em suas casas do que o sonho de se tornarem profissionais da saúde. Um deles está no 5º ano de medicina, está sem bolsa, e vê a possibilidade de ter que abandonar o curso no último ano.
Antes mesmo de completar 100 dias de seu governo, Bolsonaro mostrou como seria a sua gestão da política educacional brasileira: o desprezo à educação.
Cinco ministros passaram pela pasta em quatro anos. Esquemas de corrupção foram revelados, teve ex-ministro preso, e esses ministros compartilharam o mesmo sentimento de Bolsonaro: obscurecer a ciência brasileira, reduzindo o acesso dos brasileiros à universidade e tentando novamente dividir o país entre os que podem sonhar com a universidade pública e de qualidade e aqueles que não podem.
Os cortes no Ministério da Educação se somam a diversas outras iniciativas de Bolsonaro que tem uma ideia central em curso: a redução do investimento público em políticas sociais e o aumento das condições materiais do Estado para beneficiar seu grupo político, como na previsão Orçamentária para o próximo ano, onde Bolsonaro reduz os recursos para os centros de Assistência Social, responsáveis pelo Cadastro Único e pela garantia de direitos básicos, em mais de 90%.
Os próximos dias serão desafiadores, mas não deixaremos de lutar, pois garantir o atendimento das pessoas em um Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) ou o acesso e permanência na universidade, faz parte do mesmo compromisso e da mesma luta, a de que o Estado não pode ser privatizado por Bolsonaro para atender exclusivamente aos seus prazeres e aos de seus associados.
Alexandre Padilha é médico, professor universitário e deputado federal (PT-SP). Foi Ministro da Coordenação Política no governo Lula, da Saúde no governo Dilma e Secretário da Saúde na gestão Fernando Haddad na cidade de SP.