CPMI aprova convocação de aliados de Bolsonaro para explicar fake news

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar a disseminação de notícias falsas, também conhecida por fake news, aprovou nesta quarta-feira (23), a convocação do dono da rede de lojas Havan, o empresário Luciano Hang, do assessor especial da Presidência da República Tércio Arnaud Tomaz, de José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz, ambos comissionados do governo de Jair Bolsonaro, e do blogueiro Allan Dos Santos, para prestarem depoimento à comissão. A inciativa dessas convocações é do deputado Rui Falcão (PT-SP).

A comissão aprovou também os requerimentos do senador Rogério Carvalho (PT-SE) em que convida os parlamentares Delegado Waldir (líder destituído do PSL) e de Joice Hasselmann (PSL-SP), que também foi substituída da Liderança do Governo no Congresso. Segundo o senador, “o então deputado, quando líder, foi flagrado (e posteriormente confirmou, em entrevista, a veracidade daquele áudio) afirmando que possuiria material gravado capaz de — em seus próprios termos — “implodir o Presidente Bolsonaro” e que faria uso da gravação.

No caso do convite à deputada Joice, o senador petista de Sergipe disse que o requerimento visa convidar a deputada para prestar esclarecimentos sobre sua publicação no Twitter, na qual diz que “todo mundo sabe das milícias virtuais de Bolsonaro”. E continuou: “Eles têm uma milícia virtual e todo mundo sabe disso. São pessoas interligadas em todo Brasil, algumas recebendo para isso e outras não. Muitos robôs. Já sabia e não estou nem aí para isso. Eles têm uma milícia de ataque que não se sustenta. […] imagina se eu vou ficar abalada com 1.500 haters (pessoas que postam comentários de ódio e sem critérios na internet) dessa milícia digital espalhada pelo Brasil? Isso para mim é nada”, escreveu a deputada nas redes sociais.

Havan

Como justificativa para a oitiva dos referidos depoentes, Rui Falcão afirmou que “os convocados são conhecidos como protagonistas na criação e divulgação de conteúdos falsos na internet, classificados até mesmo como verdadeiros ‘militantes digitais’, por sua intensa atuação na escalada da radicalização das redes sociais por meio de fake news”.

Em relação ao depoimento do dono da Havan, Luciano Hang, que também foi convocado a requerimento da deputada Natália Bonavides (PT-RN), o deputado Rui Falcão explicou que notícias recentes apontam que empresas brasileiras pagaram agências de marketing para fazer disparos de mensagens de WhatsApp a favor do então candidato e hoje presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

“Fontes sigilosas da imprensa afirmam que empresários brasileiros financiaram a compra de software para disparar mensagens com notícias em massa, inclusive muitas delas falsas. Segundo estas publicações, empresas brasileiras fecharam contratos de milhões de reais para financiar disparos em massa no WhatsApp, e um dos empresários suspeitos de compor o esquema de financiamento, segundo a imprensa, é Luciano Hang, dono da rede Havan”, justificou Rui Falcão.

Gabinete do ódio

Os convocados Tercio Arnaud Tomaz, José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz, segundo Falcão, são assessores especiais lotados na Presidência da República, e “atuam no chamado ‘gabinete do ódio’, conforme a imprensa vem denominando”.

Blogueiro de direita

A justificativa para convocação do blogueiro Allan dos Santos, um dos fundadores do blog “Terça Livre”, Rui Falcão relatou em sua justificativa que se trata de um dos mais conhecidos propagadores de fake news na internet. A atuação dos redatores de conteúdo dessa página, na internet, segundo Falcão, foi questionada desde a sua fundação, em 2014, por conta de inúmeras notícias falsas veiculadas por essa página. De acordo com o deputado, Allan dos Santos ficou conhecido por atuar durante a campanha eleitoral de 2018 próximo ao então candidato Bolsonaro e seus filhos.

Bunker

Também por iniciativa da deputada Natália Bonavides, a comissão aprovou a convocação do empresário carioca Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), para prestar esclarecimentos à CPMI. Segundo a deputada, Marinho foi uma figura influente na campanha de Bolsonaro.

A participação de Marinho na campanha, de acordo com a parlamentar, chegou ao ponto de ele ceder uma propriedade sua no Rio de Janeiro para funcionar como um bunker na campanha. “Em entrevista à Globonews no dia 14 de agosto de 2019, o empresário chegou a informar que eram retransmitidas em sua casa informações falsas produzidas por voluntários”, relata Natália.

Parlamentares do PSL que compõem a comissão aprovaram a convocação da deputada e também presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PR). A parlamentar petista terá a oportunidade de relatar à comissão a experiência de ser uma das grandes vítimas de notícias falsas plantadas e divulgadas pelos seus opositores.

A comissão aprovou ainda requerimentos da deputada Luizianne Lins (PT-CE) e do senador Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado.

Benildes Rodrigues

 

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