O diretor de Participações Societárias e Imobiliárias da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), Carlos Augusto Borges, afirmou que a entidade, nos últimos 12 anos, soube aplicar com competência os recursos de propriedade dos associados. A afirmação aconteceu durante audiência pública da CPI dos Fundos de Pensão, realizada nesta quinta-feira (11) na Câmara. Entre os exemplos da boa gestão o dirigente citou a evolução patrimonial do Fundo, de R$ 9,7 bilhões em 2003 para R$ 55,5 bilhões atualmente. O crescimento percentual no período foi de 474%.
“Esse crescimento ocorreu com o pagamento da dívida que a Funcef tinha com a patrocinadora (A Caixa), e com a correção das aposentadorias. Também contribuiu para o resultado positivo a melhoria na governança do Fundo, que é maior do que o existente no mercado financeiro”, explicou Carlos Borges.
Como exemplo das medidas adotadas, o dirigente da Funcef destacou que as normas de fiscalização e regulação dos investimentos passaram de apenas quatro em 2003, para 121 até este ano. “Desse total de normas, 61 são relativos a cuidados nos investimentos que, antes de serem efetivados, passam por uma análise de risco, de procedimento e jurídico”, ressaltou.
Ainda segundo o diretor da Funcef, o trâmite da análise do investimento, após passar pelo comitê de investimento, conselho deliberativo e diretoria executiva “demora em média 10 meses, e passa pelo crivo de pelo menos 25 pessoas, entre dirigentes e técnicos do Fundo”.
Ao responder críticas de membros da oposição, que acusam as últimas diretorias pelo déficit atuarial de R$ 5,6 bilhões da Funcef, Carlos Borges explicou que o prejuízo é sazonal, e decorre inclusive de acordos firmados pela entidade ainda no governo tucano de Fernando Henrique Cardoso.
“Cerca de 70% desse déficit é decorrente da queda das ações da companhia Vale do Rio Doce, que sofreu forte queda por conta da redução no valor internacional do minério de ferro e do acordo de acionistas ocorrido durante o processo de privatizações do governo FHC”, afirmou.
Vale – No caso do minério de ferro, principal item de exportação da Vale, o valor caiu de US$ 187 em 2011 para US$ 68 em 2014, muito por conta da desaceleração da economia chinesa, grande compradora do produto. Já no caso da privatização da Vale, em 1997, a Funcef foi “convencida” pelo governo tucano a participar do consórcio que adquiriu a companhia, mas uma cláusula no contrato de aquisição das ações da companhia, impedia a Funcef de negociar os papéis por 20 anos. O prazo acaba em 2017.
“Fico imaginando se um governo do PT tivesse obrigado um fundo de pensão a participar de um processo de privatização onde as ações compradas só pudessem ser negociadas 20 anos depois. Seria o fim do mundo. Mas, como foi no governo do PSDB, a oposição acha natural”, observou o deputado Enio Verri (PT-PR).
Também participaram da reunião o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), e os deputados petistas Assis Carvalho (PI) e Erika Kokay (DF).
Héber Carvalho
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