A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) criada para investigar os atos terroristas do dia 8 de janeiro, quando foram invadidas e depredadas as sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, deve ser instalada nesta quinta-feira (25). Os parlamentares do PT na Câmara dos Deputados, que integram a CPMI, esperam chegar ao final dos 180 dias com os nomes de quem financiou e articulou a tentativa de golpe contra a democracia brasileira.
“Vamos promover investigações sem limites, focando tanto em quem participou, mas também nos financiadores e articuladores da tentativa de golpe. Vamos formar aliança com outros entes atacados, como STF e Executivo. Vamos aproveitar as investigações já existentes, inclusive, como as promovidas pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, Polícia Federal e Tribunal de Contas da União”, afirmou o deputado Rubens Pereira Junior (PT-MA).
Para o deputado Rogério Correia (PT-MG) encontrar e punir todos os culpados não será uma missão impossível, pois ao tentarem “golpear a democracia”, os terroristas transmitiram ao vivo em suas redes sociais para todo o País ver. “As imagens dos terroristas de verde e amarelo promovendo a quebradeira em Brasília ainda estão vivas na memória da população e revisitá-las só vai enfraquecer a narrativa que os bolsonaristas tentam construir”.
A deputada Delegada Adriana Accorsi (PT-GO) espera contribuir nas reuniões com sua experiência na carreira policial. “Que a minha experiência como policial, investigadora e delegada de polícia, possa contribuir para que a verdade seja revelada sobre os gravíssimos crimes ocorridos em 8 de janeiro. Colocarei todo o meu esforço para cumprir essa missão que não é para um partido, é para o Brasil”.
Financiadores
O deputado Carlos Veras (PT-PE), suplente da comissão, espera contribuir para expor a verdade sobre quem financiou, participou e se mobilizou para que o trágico 8 de janeiro acontecesse. “Nenhum golpista ficará impune. É preciso deixar esse legado em defesa da democracia brasileira, para que aquelas imagens nunca mais se repitam”.
Veras lamentou toda a depredação que ocorreu nas sedes dos Três Poderes e atribuiu o ocorrido à impunidade do discurso de ódio praticado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. “A sociedade precisa conhecer toda a verdade sobre esse processo, especialmente sobre quem financiou e tramou contra a nossa democracia”.
A bancada de senadores petistas na CPMI será composta pelo líder Fabiano Contarato (ES) e Rogério Carvalho (SE), como titulares, e a senadora Augusta Brito (CE), como suplente.
Oposição Bolsonarista
A oposição bolsonarista quis a todo custo instalar a CPMI e tentar culpar as vítimas pelos atentados. Para Rogério Correia a CPMI será um “tiro no pé da ultradireita” e lembrou que muitos dos indicados pela oposição estão sendo investigados por apoiar e incitar os atos. “Só mesmo o padrão ético bolsonarista para achar aceitável que os réus possam investigar o crime que eles próprios cometeram”.
Já Rubens Pereira Junior acha que a oposição bolsonarista se apequenou e recuou quando percebeu que não teria maioria dos membros e, ainda menos, domínio sobre a narrativa na CPMI. “Está claro que há membros que querem integrar a Comissão para ter acesso aos inquéritos que correm nos outros poderes e dos quais são réus. Não vamos deixar a CPMI ser instrumentalizada por esses parlamentares e não haverá anistia para golpistas”, assegurou o parlamentar.
“A CPMI vai revelar que Jair Bolsonaro foi o principal mandante desses crimes e, principalmente, estabelecer a verdade em disputa. Golpe contra a democracia é crime sério, nós não podemos brincar com o processo democrático brasileiro e permitir o avanço do autoritarismo em nosso País”, garantiu Rogério Correia.
Lorena Vale