O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) denunciou, em sessão remota no plenário da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (9), o descaso do presidente Jair Bolsonaro em relação à crise sanitária que o Brasil vem passando, causada pela pandemia da Covid-19, que já matou mais de 68 mil brasileiros, além das propagandas irresponsáveis de medicamentos sem comprovação científica de sua eficácia no tratamento de pacientes com o vírus.
“O governo brasileiro, depois de praticamente quatro meses de pandemia, continua tratando como se fosse uma suposta “gripezinha”, nas palavras do Bolsonaro. É preciso chamar a atenção do governo mais uma vez, antes que morram não sei mais quantas dezenas, milhares no Brasil. Depois de ter prometido 46 milhões de testes, o Brasil realizou até o presente momento 3 milhões e 100 mil testes. Isso é inadmissível, é inaceitável e, de fato, é uma política genocida”, afirma Chinaglia.
O parlamentar questiona a propaganda que Bolsonaro vem fazendo do medicamento hidroxicloroquina e usa como exemplo a avó da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que se encontra em estado grave. “Se a cloroquina serve para curar, por que a avó da primeira-dama está entubada? Eu estou usando esse exemplo, de maneira respeitosa, porque, de fato, o Bolsonaro não pode continuar fazendo propaganda de qualquer medicamento como se risco não houvesse”, disse o deputado, que também é médico.
Chinaglia também apontou que o presidente faz uso do remédio, mas faz exames para monitorar os efeitos do medicamento no coração 2 vezes por dia. “Ele está fazendo dois eletrocardiogramas por dia, quando o povo não tem acesso a nenhum”.
Jair Bolsonaro anunciou que já tomava a hidroxicloroquina de forma preventiva. Segundo o deputado, o diretor Científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sérgio Cimernan, fez um diagnóstico inquestionável. “Ele disse que o fato de Bolsonaro ter tomado preventivamente, prova que a hidroxicloroquina não impediu que ele fosse contaminado”.
Bolsonaro e os EUA
Arlindo Chinaglia também falou sobre o documento divulgado por um órgão de pesquisa do Congresso dos Estados Unidos que atende aos dois partidos dominantes na cena política americana, os Democratas e os Republicanos. Em documento, eles manifestam a preocupação e caracterizam o risco que a democracia tem hoje no Brasil com o governo Bolsonaro, bem como o meio ambiente e os direitos humanos.
“É claro que a grande maioria dos congressistas americanos prefere uma aliança estratégica com o Brasil, mas resiste exatamente pelas características do governo Bolsonaro”. Para o parlamentar esse fato contraria o discurso do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo. “Ele acredita que o fato de se renderem homenagens aos Estados Unidos, ao Trump e, no caso do presidente, até à bandeira americana, por si só, tem o poder de fazer com que os americanos se submetam, em determinados valores, àquilo que o governo Bolsonaro defende e, lamentavelmente, faz”, finalizou Chinaglia.
Lorena Vale