Covarde: Empresário bolsonarista, suspeito de bancar atos golpistas, fica em silêncio na CPMI do Golpe

Bloqueios contra a democracia, pagos por golpistas. Foto: Thomaz Silva/Agência Brasil

Golpista Bedin ficou calado na CPMI. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O empresário Argino Bedin, acusado de financiar atos terroristas que almejavam um golpe de Estado, ficou em silêncio durante a sua oitiva na CPMI do Golpe, nesta terça-feira (3). Bedin já assumiu que é entusiasta da ditadura militar e usou caminhões para bloquear estradas após a vitória de Lula nas eleições de 2022 e nos acampamentos em frente a quartéis de todo o País, invocando um golpe militar no Brasil. Parlamentares petistas afirmaram que as penas a serem impostas a Bedin e sua filha, por exemplo, deverão ser até superiores aos 17 anos já aplicados a outros terroristas condenados pelo STF.

Por sua vez, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) anunciou que apresentará o seu relatório final no dia 17 de outubro. Se houver pedido de vistas, a votação irá acontecer após 24 horas.

O deputado Carlos Veras (PT-PE) lembrou ao depoente que só a democracia lhe dá o direito de permanecer em silêncio durante seu interrogatório. “Jamais, em uma ditadura, um homem tão rico como o senhor estaria aqui como testemunha de um processo de atentado e de ataque à democracia. Só a democracia faz com que todos possam ser ouvidos e ter direito à resposta, e ter direito até de ficar calado sem responder. Foi o Supremo, que o senhor ajudou a articular, a financiar para ser atacado, que lhe deu o direito de ficar calado. Isso é democracia”.

O parlamentar apontou ainda que apesar dos inúmeros ataques, a democracia brasileira venceu e sempre vencerá. “O senhor está sentado aí porque a democracia venceu, e não venceu só nas eleições, não; venceu durante todos os períodos em que ela foi atacada, mesmo nova, mas com instituições sólidas, que resistiram a todos os ataques antidemocráticos, a todas as iniciativas durante esse longo período de atentado contra o Estado Democrático de direito, contra a democracia”, afirmou Veras.

De acordo com alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enviados à CPMI, após o resultado da eleição, foram enviados a Brasília 272 caminhões, sendo 72 vindos da cidade de Sorriso (MT), onde ficam as fazendas do ruralista golpista. Desses, 16 caminhões eram de propriedade da família Bedin, ligados aos setores agropecuário e imobiliário.

Recursos públicos

Carlos Veras também denunciou que Argino Bedin recebeu, através de convênios e de projetos, recurso público do Governo Federal durante os últimos anos em que Jair Bolsonaro era presidente. Ele também financiou campanhas de deputados do PL. “Dos recursos públicos, que, com os seus lucros você poderia gerar mais emprego, investir no desenvolvimento econômico do País, da sociedade, o senhor foi colocar esses lucros, esse patrimônio, fruto, inclusive, de recursos públicos, para financiar o atentado contra a democracia”.

Bloqueios Violentos

O deputado Rogério Correia (PT-MG) destacou que os bloqueios nas estradas praticados por bolsonaristas eram violentos e impediam as pessoas de buscarem até ajuda médica. “Em Santa Catarina, eles impediram a passagem de uma grávida em trabalho de parto. Isso passou na televisão, ficou todo mundo assustado. Impediram o envio de um coração de Goiás para São Paulo, inviabilizando a realização de um transplante. Impediram a passagem de um pai que levava o filho para uma cirurgia ocular, na BR-163, em Sorriso, no Mato Grosso. E ainda gritaram: “Que fique cego!”, as pessoas que estavam fazendo esse bloqueio lá em Sorriso. Em São Paulo, bloqueios impediram a chegada de nutrição que mantém viva uma jovem com doença rara. E, no Brasil todo, impediram viagens de ônibus interestaduais e a liberdade, o direito de ir e vir”, lembrou Correia.

Rogério Correia questionou Bedin se ele sentia remorso por também ter contribuído com esses bloqueios e crimes cometidos. O depoente respondeu que preferia “ficar calado”. “Se o senhor não sentiu remorso, talvez, sinta medo agora. Os que fizeram depredação aqui no dia 8 não são diferentes desses que agiram aí nos crimes cometidos”.

Condenação

O deputado mineiro lembrou ao depoente que alguns dos terroristas do dia 8 de janeiro foram condenados a 17 anos de cadeia e alertou que ele pode pegar mais do que isso. “Eu imagino quantos anos de cadeia o senhor vai levar a partir de uma apuração clara, justa, democrática, dentro do sistema do STF (Supremo Tribunal Federal). Imagine os crimes cometidos, de colocar bloqueio em estradas e financiar esse crime, quantos anos as pessoas que os financiaram vão pegar. Eu imagino que vão ser mais do que 17 anos”, disse Rogério Correia.

Segundo Relatório de Inteligência Financeira (RIF) do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Roberta Bedin, filha de Argino, teria movimentado R$ 19,6 milhões, e o pai R$ 1,9 milhões no período em que aconteceram esses bloqueios. Segundo o órgão, os valores não são proporcionais à capacidade financeira dos clientes.

“O senhor já imaginou – porque ela também colocou caminhões nas estradas para fazer bloqueio – quantos anos ela terá também de prisão? É evidente que essas ações que vocês fizeram vão ter consequência, porque não se pode anistiar quem comete um crime contra a democracia”, afirmou o deputado mineiro.

 

Lorena Vale

 

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