Quase 50 deputadas e deputados, de sete partidos, assinaram representação entregue na tarde desta terça-feira (13) ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. O documento pede a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A representação está baseada na denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) na Operação Lava-Jato, nas delações premiadas que apontam o recebimento de propina pelo presidente e na confirmação da existência de contas em seu nome na Suíça. O deputado é acusado de ter mentido em relação à existência dessas contas ao prestar depoimento à CPI da Petrobras.
O requerimento originalmente proposto por PSol e Rede Sustentabilidade teve a adesão de parlamentares de mais cinco partidos políticos: PT, PPS, PSB, PMDB e Pros. Das 46 assinaturas recolhidas até o momento do ato de entrega do documento ao Conselho de Ética, 32 eram de integrantes do Partido dos Trabalhadores. Novas assinaturas continuaram a ser colhidas.
Segundo a deputada Erika Kokay (PT-DF) , que assinou a representação na semana passada, além de haver vasta documentação do Ministério Público da Suíça atestando que Eduardo Cunha tem contas naquele país, é fundamental que ele se afaste imediatamente uma vez que tem utilizado a cadeira da Presidência da Câmara como instrumento de sua própria defesa. “Esta Casa não pode passar pelo constrangimento de ter um presidente que, nitidamente, faltou com a verdade para com este Parlamento, ferindo, de forma muito clara, o próprio decoro, e que se utilizou de recursos ilícitos em contas na Suíça para poder se locupletar com recursos que não lhe pertencem”, afirmou Erika Kokay no plenário da Câmara.
“As provas cabais das contas na Suíça agravam a situação do presidente Eduardo Cunha. Elas comprovam a sua falta de decoro quando mentiu na CPI”, afirmou o deputado Padre João (PT-MG), em discurso no plenário da Câmara.
“Nós estamos aqui para dizer que o presidente sai da Presidência, vai responder as denúncias e tem todo o direito de defesa, como um deputado, como um mortal comum. Agora, continuar dirigindo e presidindo esta Casa não é mais possível. Eu não me sinto confortável, nenhum deputado aqui deve se sentir confortável sendo presidido por um presidente que tem sobre as suas costas tantas denúncias”, enfatizou a deputado Moema Gramacho (PT-BA).
O presidente da Câmara é um anjo decaído. Não tem mais condições de gerenciar esta Casa devido às provas substantivas representadas contra ele. Então, eu queria fazer mais uma vez a provocação: Democratas, PSDB pronunciem-se. Cadê a altivez que tinham aqui? Por que agora estão cabisbaixos? Deem satisfação à sociedade brasileira”, provocou o deputado Paulão (PT-AL) , diante do silêncio dos deputados da oposição em plenário .
Trâmite – Nesta quarta-feira a representação também será protocolada na Secretaria-Geral da Mesa, que terá prazo de três sessões para devolver o pedido ao Conselho de Ética. Só a partir da devolução, o presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), deverá escolher um relator para o processo.
PT na Câmara com Assessoria da deputada Erika Kokay
Foto: Salu Parente
Ouça a Deputada Moema Gramacho na Rádio PT
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