Comunidades tradicionais cobram do governo Bolsonaro demandas para o campo na Bahia

A Central de Associações das Comunidades Tradicionais, da Agricultura Familiar e Campesina da Bahia (Cecaf-BA) finalizou seu encontro estadual nessa quinta (30), em Salvador, cobrando uma série de demandas para o campo. Construção de pontes, pavimentação de ruas, extensão de energia, poços, cisternas, adutoras, barragens, cursos, regularização fundiária e assistência técnica, além de incentivo cultural e maquinários agrícolas estão na pauta. Para o presidente da Cecaf, Eudes Queiroz, “a dimensão é enorme porque não houve avanço nas demandas cobradas anteriormente”. Ele aponta que com a redução das políticas sociais e agrárias pelo governo Bolsonaro (sem partido), o povo do campo voltou a circular pela linha da pobreza extrema e que, por isso, o governo estadual tem sido cada vez mais acionado.

“Na Bahia, 30% da população vive no campo. E temos de nos orgulhar disso porque é o que sustenta parte do estado com alimentos. Hoje, o governo federal só faz pelos ricos e ruralistas, alastrando o agronegócio, e nem reconhece indígenas e quilombolas. Temos de lutar para que as ações na Bahia sejam realizadas de forma transversal, passando por todas as secretarias do governo Rui [Costa]”, salienta Eudes, que ainda informa que uma reunião com membros de órgãos estaduais será realizada no mês de março.

Falta assistência

O deputado Valmir Assunção (PT-BA) esteve na abertura do encontro na última terça (28) e, também, defendeu políticas para o povo do campo. “Os agricultores familiares, os assentados e acampados, os indígenas, comunidades de fundo e fecho de pasto, quilombolas, todos estão sem assistência do governo federal. Temos de lutar para que volte a ter desenvolvimento gerado pelos governos de Lula e Dilma”.

Presentes ao encerramento do encontro nesta quinta, os secretários estaduais de Desenvolvimento Rural (SDR), Josias Gomes, e de Promoção da Igualdade Racial (Sepormi), Fabya Reis, também defenderam recursos para ações no campo e cobraram valores que o governo federal não repassou. “Quando sentarmos para discutir a pauta vamos entender que as dificuldades que estamos atravessando terão que ser consideradas como fator limitante aos atendimentos às demandas”, explica Josias. Fabya destacou que diálogos constroem políticas para o combate ao racismo no país. “Temos de combater o racismo em todas as estruturas. E a Sepromi existe para isso. Bolsonaro critica quilombolas e indígenas usando frases racistas para justificar a exclusão desses povos tradicionais das políticas de governo. Somos nós que escolhemos onde estar, e não ele”, completa.

O diretor-presidente da CAR, Wilson Dias, também esteve no encontro, e disse que a pauta da Cecaf será estudada para saber como o órgão vai poder atender diante das dificuldades geradas pela falta de repasses do governo federal, “que acabou e reduziu políticas consolidadas no governo do PT”. Esse terceiro encontro estadual da Cecaf ainda recebeu representantes da Bahiater e da Cerb e realizou mesas de debates com análise de conjunta, e com temas como desenvolvimento do capitalismo, agricultura e conflitos no campo, criminalização da luta social e desafios das organizações camponesas. Também teve debates sobre meio ambiente e agroecologia, marco regulatório das organizações da sociedade civil e políticas de convênios, além de balanço político.

Assessoria de Comunicação

 

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