Ao avaliar os últimos acontecimentos que dominaram a cena política, nesta semana, o líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, Carlos Zarattini (PT-SP), afirmou que o esfacelamento do PSDB, aliado ao alto índice de rejeição do governo ilegítimo de Michel Temer, podem levar o plenário da Câmara a acatar a nova denúncia de obstrução de justiça e organização criminosa que pesam sobre Temer.
“O PSDB, que é o segundo maior partido da base do governo, está completamente desorganizado, destroçado, sem liderança e sem linha política”, relatou o líder a grave crise na base do governo golpista. Nesta quinta-feira (5), a retirada da Comissão de Constituição e Justiça pelo PSDB do deputado Bonifácio Andrada (PSDB-MG), relator da segunda denúncia contra Temer, agravou a crise na base de Temer.
Segundo o deputado Zarattini, a legenda quer ficar no governo, mas os deputados tucanos, além de fazerem oposição, querem derrubar o governo. “Isso demonstra as contradições do PSDB. É uma situação completamente esquisita, esdrúxula que vai levar o partido ao destroçamento. Então, a possibilidade de ter um número maior de deputados votando a favor da aceitação da denúncia e, eventualmente, até atingir o número para afastamento do presidente é concreta”, considerou.
Observou Zarattini que a impopularidade de Temer e a proximidade do pleito eleitoral exercerão forte influência na decisão. Para ele, os parlamentares que dão sustentação ao ilegítimo, não querem embarcar numa tese que não tem aceitação da opinião pública.
“Quanto mais o governo é rejeitado pela população, quanto mais se aproxima das eleições os deputados querem se manter distantes desse governo. Evidentemente, votar a favor da rejeição da denúncia vai representar um peso na reeleição dos deputados”, avaliou Zarattini.
Reforma política – Sobre a conclusão da votação da Reforma Política pelo plenário da Câmara, na noite de quarta-feira, o líder petista reafirmou a importância da aprovação da proposta que acaba com as coligações a partir de 2020, institui a cláusula de desempenho que vai reduzir o número excessivo de partidos existentes e estabelece tetos de gastos para as candidaturas que, na avaliação dele, reduzirá os gastos de campanha.
Teto – Lamentou o deputado o fato de o Senado ter retirado do texto o artigo que versa sobre o autofinanciamento de campanha. O item que estabelecia o valor máximo de R$ 200 mil para autofinaciamento eleitoral foi excluído. “A gente já viu, em campanhas recentes, a quantidade de candidatos milionários que jogam milhões na sua campanha. Então, tinha que ter um teto, infelizmente o Senado retirou esse teto. Nós vamos ter que ver como resolver esse problema”, enfatizou.
Destacou o líder que a Câmara conseguiu aprovar várias medidas infraconstitucionais na legislação eleitoral que vão permitir uma campanha mais democrática. Como exemplo ele citou a eliminação da chamada cláusula de exclusão por partido que não chegar ao consciente eleitoral, a aprovação do financiamento público, que vai acabar de vez com o financiamento empresarial no país. “Então, eu considero que foi uma reforma política muito boa”, comemorou Zarattini.
Benildes Rodrigues
Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara