Por iniciativa dos deputados Zeca Dirceu (PT-PR) e Alexandre Padilha (PT-SP), as comissões de Educação e da Seguridade Social e Família realizaram audiência pública conjunta, nesta quinta-feira (13), para discutir a importância do programa Mais Médicos e a criação de vagas nas universidades para o curso de medicina.
Zeca Dirceu, ao falar da importância do Mais Médico, explica que a audiência pública não foi fruto do acaso, mas das informações e dados que chegam diariamente ao seu gabinete. “Nós temos o papel de criticar e denunciar como oposição. Os dados mostram que tem gente morrendo, tem gente deixando de ter atenção básica, deixando de ter acesso a medicamento por um equívoco na condução de um programa tão estratégico como é o Mais Médicos” argumenta.
Alexandre Padilha, que foi o ministro da Saúde responsável pela criação do programa no governo Dilma, lembra que uma das finalidades do Mais Médico era suprir a falta de profissionais nos diversos estados e municípios de difícil acesso que não recebiam atendimento básico de saúde. Nos primeiros anos o índice de cidadãos que foram atendidos cresceu 70%.
O deputado destaca ainda que outra prioridade era a criação de vagas nas universidades públicas e citou que de 2013 a 2015, o predomínio da abertura de vagas foi nas instituições públicas. A partir de 2016, com o golpe que interrompeu o governo Dilma, as vagas do curso de medicina predominaram nas universidades particulares.
Saída dos médicos cubanos
Em 2019, após a eleição do presidente Jair Bolsonaro, o governo de Cuba tomou a decisão de retirar os médicos cubanos do País, com medo das retaliações e do comprimento das ameaças feitas por Bolsonaro, que questionou a preparação dos médicos cubanos e condicionou sua permanência no programa à revalidação do diploma.
Com isso, mais de 8 mil médicos cubanos deixarem o Brasil e diversos munícipios convivem com a ausência de profissionais nos serviços de saúde. De acordo com números do Ministério da Saúde, cerca de 19% dos médicos brasileiros que entraram no Mais Médicos desistiram do programa até o mês de maio.
O deputado petista Paulão (AL) trouxe a região Nordeste como um dos exemplos da importância dos Mais Médicos. “Sem dúvida, esse vazio com a saída dos profissionais cubanos, atinge de forma direta o Nordeste, e o que estamos discutindo aqui são vidas. Na hora que você não tem um representante médico nesses locais, isso tem consequências que não dá para ser mensurada”.
O deputado Airton Faleiro (PT-PA) também destaca a importância do Mais Médicos para os municípios. “Na Amazônia, o programa foi fantástico, levando médicos a comunidades que antes não contavam com profissionais. As comunidades que perderam médicos cubanos continuam sem médicos até hoje, lamenta.
Os deputados Alencar Santana Braga (PT-SP), Jorge Solla (PT-BA), José Ricardo (PT-AM), Pedro Uczai (PT-SC) e Reginaldo Lopes (PT-MG) também participaram do debate.
Lorena Vale
Foto: Lula Marques