A covid-19 segue sem controle e em aceleração no Brasil, que nessa quarta-feira (23) teve o maior registro de novos casos em 24 horas desde o início da pandemia, em março de 2020. Foram 115.228 infecções notificadas no período, totalizando 18.169.881 pessoas contaminadas em pouco mais de 15 meses. O número de mortes segue em patamares elevados, com 2.392 novas vítimas notificadas nas últimas 24 horas. O total de óbitos oficialmente causadas pela infecção até agora é de 507.109.
A curva epidemiológica de novos casos chegou nessa quarta-feira (23) ao patamar mais elevado do histórico. Trata-se de um momento pior do que a última semana de março deste ano, no ápice do que foi chamado de “segunda onda” de contaminação pelo novo coronavírus. A média diária de contaminados está em 77.328 a cada um dos últimos sete dias – superior à do dia 27 de março, a pior até então, com 77.129 novos casos a cada dia. Já a média das mortes segue tragicamente próxima à casa das 2 mil diárias, em 1.917 vítimas por dia.
Para o deputado e médico Jorge Solla (PT-BA), o crescimento de novos casos diários de Covid-19 no Brasil é resultado direto de uma vacinação lenta e da falta de medidas restritivas para conter a disseminação do vírus. “O que a realidade tá mostrando é aquilo que nós já dizíamos desde o início do ano: a vacinação sozinha não tem capacidade de acabar com a pandemia. Ainda não inventaram outra saída: um lockdown nacional hoje é o que efetivamente funciona, combinado com uma aceleração da vacinação. Reduz as transmissões a quase zero, e aí a vacina funciona ao impedir que o vírus volte a se espalhar”, explicou.
E para que isso funcionasse, o petista destaca que seria preciso a adoção pelo governo federal de medidas que garantissem o sustento da população e das empresas no período do lockdown nacional. “Isso, no Brasil, só é possível com auxílio emergencial de R$ 600 e ajuda às empresas. Tenham certeza, é a melhor saída para todos, para salvar vidas e para a economia. Em agosto ou setembro já poderíamos gozar de cenas de um mundo que vence a pandemia, que hoje só vemos na TV, em outros países”, ressaltou Jorge Solla.
No epicentro
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alerta para a tendência de recrudescimento da pandemia em uma “terceira onda” de contágios e mortes nos próximos dias. Isso, sem o País jamais ter baixado significativamente os índices da segunda, o que pode trazer resultados mais letais do que os já registrados até aqui. Na conta da responsabilidade pelo descontrole, a suspensão de medidas de combate ao vírus, como isolamento social, negligenciado em boa parte dos estados e municípios.
Outra consequência do prolongamento da segunda onda é o posto de epicentro da pandemia. Desde o fim de abril passado, a Índia ocupava a liderança em mortes e casos de covid-19 no mundo, segundo a Universidade Johns Hopkins, referência mundial em informações sobre a doença. Nesta semana, o Brasil retomou essa posição, que já havia ocupado entre junho e julho de 2020 e de março a abril de 2021.
O Brasil é o país do mundo com maior número de vítimas da covid-19 em 2021 e está atrás apenas dos Estados Unidos em número absoluto de mortes. Entretanto, os norte-americanos estão em constante ritmo de redução dos dados da covid-19 após um programa de vacinação veloz e intenso. Mantido o ritmo de contaminação e mortes, o Brasil ocupará também o primeiro posto em mortes totais causadas pela covid. O ex-presidente e fundador da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) Gonzalo Vecina fala em 850 mil vítimas até que o País consiga controlar o surto.
Sob pressão
Outro dado preocupante é a ocupação de leitos de UTI. A Fiocruz aponta que 18 estados e o Distrito Federal estão com taxa de ocupação acima de 80%, sendo que oito acima de 90%. Especialistas argumentam que acima de 85%, significa colapso. Na prática, pessoas morrem sem atendimento adequado. Isso, porque para preparar leitos que vagam, é necessário tempo, logo, a pressão intensa sobre o sistema implica na formação de filas.
“O sistema de saúde ainda apresenta grande sobrecarga para o cuidado de alta complexidade à covid-19, estando sob risco de não ter capacidade de responder a eventuais aumentos na demanda por cuidados”, informa a Fiocruz em seu último boletim. A entidade reforça a necessidade de medidas individuais e coletivas de proteção, como respeito ao isolamento social, uso de máscaras adequadas, além de cuidados com a higiene pessoal.
Rede Brasil Atual e PT na Câmara