CNMP julga conduta criminosa de Dallagnol nesta terça-feira e pode afastá-lo da Lava Jato

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decide, nesta terça-feira (18), o destino do coordenador da Operação Lava Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol. O CNMP tem dois caminhos: afasta Dallagnol da força-tarefa e o transfere para outra unidade do Ministério Público Federal ou reafirma a impunidade livrando o procurador de qualquer denúncia comprovada que recai sobre ele.

Na opinião do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), o Conselho tem a oportunidade de “restabelecer – minimamente –, uma relação de respeito da Lava Jato com o ordenamento jurídico brasileiro”.

O ex-líder da Bancada do PT na Câmara lembrou ainda que Dallagnol sempre foi protegido pela impunidade e pelo corporativismo que ainda impregnam as instituições brasileiras. Segundo Pimenta, Deltan Dallagnol “é a expressão pública da seletividade e da perseguição de uma operação que se transformou num projeto perverso de poder”.

O deputado espera que o CNMP julgue não só a petição impetrada pela senadora de Tocantins, Kátia Abreu (PP), como outras denúncias que se encontram em poder do Conselho. “Espero que não seja, mais uma vez, adiada”, disse Pimenta se referindo ao número de vezes em que processos envolvendo o coordenador da Lava Jato foram retirados de pauta. “Quarenta vezes, o tema do PowerPoint já foi retirado de pauta, assim como outros processos. Eu espero que Dallagnoll seja julgado e que responda pelas condutas irregulares que adotou à frente da Operação Lava Jato”, enfatizou Paulo Pimenta.

Ao se pronunciar sobre o julgamento em sua conta no Twitter, o deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) escreveu: “O afastamento de Deltan Dallagnol da Lava Jato é muito pouco para quem cometeu tantos crimes quanto ele. O Ministério Público não pode ter em seus quadros alguém tão inescrupuloso. O que o CNMP julgará é se pessoas sem limites como Dallagnol podem chefiar operações do MP”.

Conflito

O destino do coordenador da Lava Jato está nas mãos de 11 conselheiros que, atualmente, compõem o Conselho Nacional do Ministério Público. São 14 o total de integrantes da CNMP, mas três vagas ainda precisam ser preenchidas. Aqui vale lembrar que recentemente a força-tarefa da Lava Jato entrou em conflito com o procurador–geral da República, Augusto Aras, que é o presidente do Conselho. À época Aras disse que “não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos”.

O conflito entre Augusto Aras e a Lava Jato se deu pelo fato de o procurador solicitar compartilhamento de dados que estavam em poder da turma de Curitiba. O PGR teve que recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para poder ter acesso às informações.

Editorial

Até o grupo Globo já admite que Dallagnol está em maus lençóis. Em editorial, o jornal O Globo desta segunda-feira (17), admite que se o coordenador da Lava Jato “receber seis votos condenatórios, estará fora da Lava-Jato”. Segundo o jornal, restará a Dallagnol recorrer ao STF, para tentar se salvar.

“A Operação Lava-Jato tentará amanhã desarmar mais um mecanismo implantado pelo procurador-geral Augusto Aras para implodi-la. Afastado do governo o ex-juiz Sérgio Moro — que ajudou Jair Bolsonaro a se eleger envolto na bandeira anticorrupção —, chega a hora de Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa original e outro símbolo da operação, encarar o impacto das articulações para atingi-lo e a todo o sistema de investigações montado a partir de Curitiba”, diz o editorial de O Globo.

Benildes Rodrigues

 

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