O vice-presidente do Parlamento do Mercosul (Parlasul), deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), qualificou como de importância estratégica a criação do Observatório da Democracia, instituição lançada nesta quinta-feira (31) pelas fundações João Mangabeira (PSB), Lauro Campos (PSOL), Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (PDT), Maurício Grabois (PCdoB), Da Ordem Social (PROS) e Perseu Abramo (PT). “É importante o monitoramento das ameaças à democracia e aos direitos do povo brasileiro patrocinadas pelo governo de extrema direita Jair Bolsonaro”, disse Chinaglia.
Em entrevista à radio uruguaia M24, Chinaglia alertou que o governo Bolsonaro elegeu-se com base em mentiras espalhadas pelas redes sociais e aprofundou a polarização no país, com a agravante de fomentar o ódio em vez do debate de ideias entre pessoas que pensam diferentemente de seu grupo. “Bolsonaro espalha o ódio contra a esquerda, em especial o PT”, denunciou o parlamentar.
Violência e retirada de direitos
Chinaglia observou que o deputado federal reeleito Jean Wyllys (PSOL-RJ) abriu mão do mandato e vai se refugiar no exterior justamente por causa de ameaças sofridas por militantes de extrema direita que agem na esteira do ódio estimulado por Bolsonaro. Ele lembrou que nos últimos anos tem havido assassinatos e diferentes tipos de ameaça e violência contra militantes da esquerda e de setores progressistas.
Chinaglia recordou que o fanatismo fascista de Bolsonaro existe há anos, tanto que no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre 1995 e 2002, o atual presidente da República defendeu o fuzilamento do tucano. “Defendia o fuzilamento por causa da privatização de algumas empresas estatais, o que ele hoje defende”, comentou.
Entre as medidas antipopulares de Bolsonaro, o parlamentar citou a proposta de reforma da Previdência, cujo conteúdo integral ainda é desconhecido. “Mas com certeza será para prejudicar os mais pobres, pois é um governo que se baseia no princípio de menos direitos para a população brasileira”.
Venezuela
O deputado do PT observou que o governo Bolsonaro é ligado aos interesses das elites econômicas nacionais e estrangeiras. Por isso, criticou a posição de Bolsonaro de isolar a Venezuela, presidida legitimamente por Nicolás Maduro, apoiando o autoproclamado presidente, o líder oposicionista Juan Guaidó. A postura do Brasil é do interesse direto dos Estados Unidos, não do Brasil, afirmou Chinaglia.
“Isolar a Venezuela só agrava a crise no país, prejudicando todo o povo venezuelano”, lamentou Chinaglia. Para ele, a solução da crise venezuelana passa necessariamente por negociações, não pelo isolamento do país. Ele defendeu a aplicação dos princípios da não ingerência e autodeterminação dos povos, diretrizes clássicas da diplomacia brasileira. “Quem tem de resolver os problemas são os próprios venezuelanos, sem a ingerência de outros países”.
PT na Câmara