O total de alunos na Educação Superior brasileira chegou a 7,3 milhões em 2013, quase 300 mil matrículas acima do registrado no ano anterior. No período 2012-2013, as matrículas cresceram 3,8%, sendo 1,9% na rede pública e 4,5% na rede privada. Nos últimos 10 anos, o número de estudantes em cursos superiores cresceu 85,6%.
O Censo da Educação Superior, divulgado nesta terça-feira (9) pelo Ministério da Educação, revela que os cursos superiores tecnológicos, de menor duração e formação mais específica, foram os que mais cresceram. Na última década, o número de cursos aumentou mais de 500%, puxado principalmente pelo aumento de vagas na rede privada.
Para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), a perspectiva para o setor no futuro é ainda mais promissora. “A partir de agora o País tem uma nova carta de navegação para o setor. Com a implementação do Plano Nacional de Educação (PNE), sancionado pela presidenta Dilma Rousseff sem vetos, teremos os recursos do pré-sal para dar um novo salto na educação, inclusive no Ensino Superior”, afirmou.
A parlamentar lembrou ainda que o PNE, instrumento que guiará as ações na educação na próxima década. “Estão previstos no documento a criação de mais 12 milhões de vagas, com 40% em universidades públicas”, destacou Margarida. Os recursos virão do Orçamento da União, e de 75% do montante arrecadado com a extração de petróleo do pré-sal.
Apesar do crescimento registrado em 2013, o número de matriculados na graduação foi inferior ao registrado nos censos anteriores. De 2011 para 2012, o crescimento ficou em 4,4% e, de 2010 para 2011, em 5,6%. Para Claudio de Moura Castro, especialista em educação, o avanço no número de matrículas em estados do Norte e Nordeste e o crescimento menos acelerado nas outras regiões tem relação direta com o desenvolvimento econômico de cada uma dessas localidades.
“Os estados mais avançados estão chegando a um limite do que dá para crescer. Eles já cresceram muito com a classe C e também por causa do ProUni [programa federal que concede bolsas a alunos de baixa renda nas privadas]. Por outro lado, os estados menos desenvolvidos e as cidades menores ainda têm espaço de crescimento”, disse Castro.
Norte e Nordeste – Os números divulgados pelo MEC também mostram que os estados do Norte e Nordeste foram os que tiveram o maior crescimento porcentual no número de matrículas. Contabilizando apenas o ensino superior privado presencial – modalidade que representa a maior quantidade de registros –, percebe-se que estados como a Paraíba, Acre, Tocantins, Piauí, Maranhão e Amapá chegaram a crescer dois dígitos, ou seja, mais de 10%.
Essa realidade dos estados mais pobres e ex-territórios federais – muitos deles com o ensino superior menos desenvolvido –, é bem diferente do quadro de matrículas de outras regiões do País. No Rio de Janeiro, por exemplo, houve retração de 5% de 2012 para 2013. E em São Paulo, o crescimento, no mesmo período, ficou no mesmo patamar da média nacional, de 4%.
Os universitários estão distribuídos em 32 mil cursos de graduação, oferecidos por 2,4 mil instituições de ensino superior – 301 públicas e 2 mil particulares. As universidades são responsáveis por 53,4% das matrículas, enquanto as faculdades concentram 29,2%.
Tecnológicos – Os cursos tecnológicos são responsáveis por 13,6% das matrículas na educação superior. Entre 2003 e 2013, a matrícula saltou de 115 mil para quase um milhão, o que representa crescimento médio anual de 24,1%. Na rede federal, houve expansão de 171% nas matrículas.
Docentes – A maioria dos 321 mil docentes da educação superior possui mestrado ou doutorado. Considerando-se que o mesmo professor pode atuar em mais de uma instituição, em 2013, havia 367 mil funções docentes, sendo 70% mestres ou doutores. Nos últimos dez anos, o número de mestres e doutores na rede pública cresceu 90% e 136%, respectivamente.
Deficiência – As matrículas de portadores de deficiência aumentaram quase 50% nos últimos quatro anos, sendo a maioria em cursos de graduação presenciais. Em 2013 eram quase 30 mil alunos, enquanto em 2010 eram pouco mais de 19 mil.
Licenciaturas – O Censo mostra que as matrículas nos cursos de licenciatura aumentaram mais de 50% nos últimos dez anos, um crescimento médio de 4,5% ao ano. Anualmente, mais de 200 mil alunos concluem cursos de licenciatura. Pedagogia corresponde a 44,5% do total de matrículas.
Distância – Já são mais de 1,2 mil cursos a distância no Brasil, que equivalem a uma participação superior a 15% nas matrículas de graduação. Em 2003, havia 52. Atualmente, as universidades são responsáveis por 90% da oferta, o que representa 71% das matrículas nessa modalidade.
Procura – Os dez cursos com maior número de matrículas concentram mais da metade da rede de Educação Superior no País. Administração (800 mil), direito (769 mil) e pedagogia (614 mil) são os cursos que detêm o maior número de alunos.
O censo mostra, ainda, que uma das áreas prioritárias do governo, a das engenharias, conseguiu avançar mais rápido no governo da presidente Dilma Rousseff.
As matrículas nas áreas de Engenharias, Produção e Construção, justamente as que foram avaliadas como as mais necessárias para o país, dada a falta de engenheiros e técnicos, cresceram 52% nos últimos três anos.
Heber Carvalho com MEC e Portal Brasil